Fartura que põe a saúde em risco

Desconforto causado pelo grande volume das mamas leva mulheres à sala de cirurgia

Ana Júlia Goulart (*)
Hoje em Dia - Belo Horizonte
30/01/2018 às 23:21.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:03
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

No clipe de “Que tiro foi esse?”, música cotada para ser também o hit do Carnaval, a batida do funk chama tanto a atenção quanto os seios fartos da cantora Jojo Todynho. No auge do sucesso, a carioca de apenas 20 anos se orgulha e faz questão de exibir o busto tamanho 58. Apesar da postura da funkeira, vale ressaltar que seios grandes são sinônimo de vergonha e incômodo para muitas mulheres. Há casos em que os prejuízos são tantos que a solução é uma só: a redução das mamas.

Grávida de cinco meses, a biomédica montes-clarense Maria Cristina Vieira optou pela cirurgia como forma de preservar a saúde. Pagou pelo procedimento com a ajuda da família. “Já tem seis anos que fiz a cirurgia. Na época, tinha 21 anos e já sentia dor na coluna. O objetivo era realmente preservar minha saúde”, conta, sem saber ainda se haverá limitação para amamentar o bebê. “O médico havia me alertado que poderia acontecer. Então, só vou saber depois do nascimento da minha filha”.

A bancária Fabiana Alves, de 27 anos, não aguentava mais os desconfortos causados pelo volume dos seios. “Não conseguia colocar biquíni, tinha a maior dificuldade para comprar sutiãs”. 

A busca por um médico no qual confiasse e o acerto das contas fizeram parte do processo que teve final feliz em 2014. “Fiquei completamente satisfeita com a cirurgia. Hoje, tenho total liberdade para usar a roupa que quiser”. 

Para a professora aposentada Márcia Diniz Vasconcelos, de 63 anos, a redução do busto foi a realização de um sonho de adolescência. “Tive filhos, amamentei e tudo isso prejudicou muito o peito, que já era grande”, relata. 

Assaduras debaixo dos seios e afundamento dos ombros foram pontos cruciais para que ela optasse pela intervenção. “Não dava mais para aguentar, nem esperar”, desabafa a aposentada. 
 
EXPECTATIVAS
Tomada a decisão pela mamoplastia redutora, é hora de buscar um profissional e iniciar o processo pré-cirúrgico. A primeira etapa, no consultório, é o momento da quebra de algumas expectativas. 

“As mulheres chegam aqui querendo o peito de fulana, o tamanho de ciclana… Os corpos são diferentes e, no primeiro momento da consulta, precisamos dar um choque de realidade nas pacientes”, explica o cirurgião plástico Alexander Nassif.

Neste momento, são esclarecidos os perigos da intervenção e cuidados pós-cirúrgicos. “A mamoplastia redutora é uma cirurgia complexa. Necessita anestesia, internação e cuidados depois do procedimento”, destaca. 

A operação retira gordura, glândula mamária e pele. A quantidade depende do tamanho dos seios e de quanto a paciente quer reduzir. Em alguns casos, há o reposicionamento da auréola mamária e algumas intervenções para que o seio pareça mais empinado. 

“O silicone é a falsa ideia de um peito firme. O que envolve a prótese é a pele e ela, assim como qualquer parte do corpo, sofrerá as ações do tempo e da gravidade”, diz Nassif.

Confusão comum nos consultórios diz respeito à obesidade. Algumas pacientes têm seio grande por excesso de peso. “É preciso alertá-las que a cirurgia não vai resolver o problema”, esclarece a diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional (SBM-MG), Thaís Paiva Moraes.
(*) colaborou Carlos Jr.


Prótese em adolescentes
Enquanto umas querem tirar, outras buscam o aumento dos seios. Mas, mesmo que a paciente não tenha nenhuma restrição médica para aderir às próteses de silicone, fazer a intervenção exige cuidados. Para as adolescentes, por exemplo, realizar uma cirurgia para a colocação de implante mamário com idade precoce pode atrapalhar o resultado. 

“Até os 18 anos, os seios ainda estão se desenvolvendo. Se a adolescente colocar o silicone antes disso, corre o risco de ter, com o passar dos anos, um peito com o qual não se identifica”, detalha a diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM-MG), Thaís Paiva Moraes.

A dica para os pais que querem agradar as filhas com o procedimento é ir instigando as adolescentes a avaliarem o real motivo de elas não gostarem dos seios pequenos e o que a prótese trará de melhorias para a autoestima.

“Precisamos lembrar que qualquer intervenção cirúrgica precisa ser muito bem avaliada. É uma alteração permanente no corpo. O paciente precisa ter certeza do que quer”, finaliza o cirurgião plástico Alexander Nassif. 

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