Cidades expostas a surto de pólio

Baixa vacinação em cinco cidades do Norte de Minas acende alerta contra doença erradicada há 28 anos

Christine Antonini
Montes Claros
07/07/2018 às 07:35.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:16

Pelo menos cinco cidades do Norte de Minas estão em alerta máximo contra a poliomielite, doença que pode causar a paralisia infantil. São municípios estão com índice de cobertura vacinal de crianças de até um ano abaixo de 50%, enquanto o recomendado pelo Ministério da Saúde é 95%.

Em Miravânia, por exemplo, nem 10% das crianças nessa faixa etária receberam a dose. Com isso, a região fica extremamente vulnerável à doença, que já havia sido erradicada no país. No entanto, o vírus voltou a preocupar as autoridades depois que surgiu caso suspeito na Venezuela.

Há pelo menos 28 anos o Brasil não registra casos de pólio. No entanto, o risco de a doença retornar é grande por causa da resistência de pais e mães em vacinarem os filhos.

Minas é o quinto Estado com o maior número de cidades com baixa cobertura vacinal contra a polio. Em 24 municípios, a taxa de imunização de crianças com menos de 1 ano não chega a 50%, índice considerado crítico. Situação acende alerta para a possibilidade de surtos da doença.

A cidade de Miravânia lidera a lista dos municípios norte-mineiros com meta de vacinação muito abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde. Apenas 9,88% da população está com a vacina completa contra a poliomielite (veja ranking no quadro acima). Montes Claros tem índice bem maior, mas ainda abaixo da meta. 
 
RESISTÊNCIA
A secretária de Saúde de Pirapora, Cândida Fiuza, afirma que o último caso de pólio registrado na cidade foi há 50 anos e que o trabalho de conscientização está sendo realizado. “Fizemos várias campanhas para conscientizar os pais sobre a importância da vacina e vamos fazer outra ação em agosto. Acredito que as pessoas estão deixando de vacinar os filhos devido a vários ideais e metodologia de vida, como os ‘naturebas’, que não acreditam na eficiência do medicamento”, afirma Cândida, lembrando que durante a campanha da vacinação contra a gripe foi preciso vacinar a população em casa. 

“Mesmo há 28 anos sem relatos do vírus no país, é fundamental que as taxas de imunização permaneçam acima de 95% para que não exista o risco de o vírus ser reintroduzido”, ressalta o pediatra Renato Alves da Silva, médico do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro. 

A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral e associada à falta de higiene. O Ministério da Saúde determina que crianças de 2 a 6 meses devem tomar a vacina, aplicada em três doses. Aos 15 meses a criança deve receber um reforço. A imunização é oferecida gratuitamente nos postos de saúde.

A Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite vai de 6 a 24 de agosto. Mas crianças com o cartão incompleto já devem ser levadas a qualquer posto de saúde.
 
RARO
Claudinei Rodrigues, de 45 anos, teve pólio aos 4 meses e paralisia nos membros inferiores e superiores. Ele passou por sete cirurgias e conseguiu andar aos 6 anos.

“Meus pais dizem que me vacinaram e os médicos explicam que a poliomielite pode atingir mesmo aqueles que já vacinaram – a chance é de uma em um milhão. Hoje tenho deficiência nas pernas e nos braços”, conta.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem.

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