Vice-presidente da câmara, Fátima Pereira, diz que o povo quer ouvir e ser ouvido

Jornal O Norte
17/11/2005 às 10:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net

Exercendo seu segundo mandato, a vereadora Fátima Pereira - PTB, atual vice-presidente da câmara municipal de Montes Claros não perdeu o estilo - e nem deixou de lado princípios que sustentou ao longo da legislatura passada, quando se empenhou contra as medidas impopulares do governo do ex-prefeito Jairo Ataíde - PFL.

Hoje, com a câmara mesmo desprovida de uma bancada de oposição, gozando de um ambiente suprapartidário e sem os arrebatamentos sectários levados ao extremo, como ocorria em passado recente, é ainda na figura da vereadora que o atual executivo tem encontrado forte resistência às suas propostas mais polêmicas, como ocorre agora, às vésperas de ser votado o projeto que prevê o pagamento de dívidas de pequenos valores - de até 2,1 mil reais, sete salários mínimos, sem a emissão de precatórios. Ela defende valores de até 30 salários mínimos (Leia entrevista nesta página).

- A medida carece de maiores esclarecimentos. Ela é maléfica aos servidores municipais ao comprometer seus direitos adquiridos, como no caso do pagamento real dos qüinqüênios - diz, rebatendo afirmações do porta-voz da administração, Cori Ribeiro - PPS, dadas a O Norte na semana passada de que aliar o pagamento das requisições ao dos qüinqüênios seria falácia dos que se colocam contrários à medida.

- Falácia é dizer o contrário. Basta ler a lei - retruca a parlamentar.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO

A vereadora também prevê polêmica em relação a outro projeto de lei do executivo que será votado nos próximos dias - propondo mudanças no Código tributário do município.

- Essas divergências são resultados da falta de um diálogo mais amplo entre executivo, legislativo e a sociedade organizada que, inclusive, foram criticadas pelo nosso presidente, Ildeu Maia. A prefeitura não pode se encastelar feito um poder que não ouve a voz rouca das ruas. O povo quer ouvir e ser ouvido.

Para Fátima Pereira, muita coisa precisaria ser corrigida no governo municipal para que 2006 seja um ano mais profícuo. Ela acusa a administração de estar sendo autoritária, excessivamente burocrata, e de evitar o combate ao nepotismo.

- Dizem que faltam recursos. Este foi o discurso deles ao longo do ano. Mas por que o prefeito não reduziu o número de cargos comissionados para conter despesas? Ele fez o contrário. Aumentou. E, em primeira mão, informo que ele acaba de dar entrada na câmara com projeto aumentando ainda mais o número de gerentes e de cargos comissionados - ressalta, lamentando que até hoje a secretaria da Administração não tenha informado ao legislativo, como pediu, o número de servidores contratados pela atual gestão.

- Fiz esse requerimento, assinado por todos os vereadores ainda no primeiro semestre e até hoje não recebemos respostas e nem informações atinentes.

MAIS INDEPENDÊNCIA

A vice-presidente da câmara também considera que o ano de 2005 poderia ter sido melhor, que os vereadores poderiam ter feito mais pela população. Ela reconhece que o legislativo foi vítima da crise financeira municipal que anulou parte das demandas parlamentares, e da falta de entrosamento entre os dois poderes. Mas confia que em 2006 as coisas melhorarão.

- Espero que sim. Neste ano, a câmara desempenhou corretamente suas funções apesar dos entraves, os vereadores fizeram o que estava ao seu alcance. Esperamos que no próximo ano tenhamos mais condições de atender às necessidades do povo.

Indagada sobre erros que não gostaria de ver repetidos no parlamento em 2006, frisou a questão da dependência que destrói conquistas democráticas.

- Precisamos ser mais independentes no ano que vem. A nossa geração sabe que não devemos nos deixar abater diante de procedimentos autoritários que já feriram gravemente nossas conquistas democráticas - prega a vereadora.

Fátima Pereira também comenta as conseqüências que sofreria por manter suas posições na câmara municipal, muitas delas contrariando aspirações da prefeitura. Leia os principais trechos na entrevista concedida pela vereadora na tarde de quarta-feira, 16 clicando aqui.

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