Eduardo Brasil
Repórter
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Nos últimos meses, os vereadores de Montes Claros têm enfatizado reclamações contra a ineficácia de alguns serviços prestados pela prefeitura. Na reunião de terça-feira 25, por exemplo, eles afinaram, ainda que aleatoriamente, o discurso, repetindo cobranças e exigindo agilidade no enfrentamento dos problemas nas áreas urbana e rural - com destaque para a limpeza pública, operação tapa-buraco nas ruas e avenidas, integridade física de moradores e reformas das estradas vicinais.
A demora da administração municipal em viabilizar as medidas anunciadas para uma situação que denominam de calamitosa tem sido o principal alvo dos vereadores. Eles também acusam que as medidas tomadas até agora, na cidade e no campo, foram inócuas diante da gravidade dos problemas que se acumulam.
- A bancada ruralista já não entende a morosidade da administração (em reformar as estradas do município), uma vez que o executivo já teria autorizado os serviços à secretaria da Agricultura - ressaltou Júnior de Samambaia - PV.
Segundo ele, as condições das estradas têm gerado prejuízos de toda espécie e para dezenas de comunidades que se sentem abandonadas.
- Esperamos que a administração cumpra o que foi estabelecido pelo executivo. Tanto na cidade como no campo. A situação está insuportável para muita gente - ressalta.
A CAVALO
Ildeu Maia - PP, presidente do legislativo, apesar de contrariado, busca ser tolerante. Entende que a prefeitura enfrenta dificuldades para encarar os problemas, sobretudo das estradas com a precisão exigida - até mesmo porque dependeria de locar máquinas para os serviços (o que já até teria sido feito através do pregão eletrônico), mas que a situação não poderia ter chegado a esse ponto.
Ainda no ano passado o vereador já demonstrava preocupação com as condições das estradas, alertando para os cuidados necessários. Recorreu, inclusive, à leitura de uma carta enviada a ele por estudante da zona rural que corroborava sua apreensão.
- Foi uma forma de sensibilizar a prefeitura para medidas eficazes e urgentes - disse, na oportunidade.
Na carta, a estudante narrava as dificuldades para chegar à sala de aula com a falta do transporte escolar, cujos ônibus não encontravam condições de tráfego nas estradas - estou indo de cavalo - sublinhara a garota de dez anos.
- Por conta das condições das estradas, ainda mais prejudicadas com as chuvas recentes, as máquinas não conseguem, agora, nem mesmo chegar a determinados locais para execução das obras de melhoria que há meses estamos cobrando - salienta, referindo-se a trecho de estrada que impedia, até a semana passada, o deslocamento das máquinas para região do distrito de Aparecida do Mundo Novo.
FRENTE DE TRABALHO
Marcos Nen - PL, por sua vez, reiterou a expectativa de que medidas eficientes sejam tomadas com a diminuição das chuvas.
- Tapar buraco com chuva, por exemplo, nós sabemos que não adianta. Mas agora que o período das chuvas está passando os serviços podem ser feitos de forma mais concreta.
Em relação às estradas da zona rural, ele chegou a sugerir a criação de uma frente de trabalho para serviços mais urgentes.
- Seria até uma forma de o município gerar mais emprego - acrescentou.
O vereador também não esconde seu aborrecimento com o estado das estradas rurais, apesar de tantas cobranças do parlamento, observando que se deslocar da cidade para algumas comunidades, ainda que vizinhas do centro urbano, tem sido uma verdadeira aventura - e perigosa.
- Às vezes, uma viagem que deveria demorar quarenta minutos demora até três horas, cercada de obstáculos - garantiu.
Marcos Nem, assim como Júnior de Samambaia, também cobrou os serviços de instalação de equipamentos de poços tubulares na zona rural, oriundos de convênio firmado entre o município e o Dnocs - Departamento nacional de obras contra a seca.
- Várias comunidades indicadas para receberem o benefício ainda estão esperando, a exemplo de Mandacaru.
DESGASTE LEGISLATIVO
Fátima Pereira - PTB, vice-presidente da câmara municipal, confessa que, assim como alguns colegas de plenário está cansada de cobrar soluções. Para ela, o legislativo, ao cumprir o seu papel de cobrar ações administrativas, sem sucesso, estaria sofrendo imenso desgaste diante da opinião pública, já que seus apelos para a solução dos problemas não estariam obtendo respaldo do paço municipal.
- Há um ano e quatro meses nós, vereadores, só falamos nisso. Estamos cobrando as soluções para a falta de estradas na zona rural, para acabar com alunos fora da sala de aula, com os buracos nas ruas e com a sujeira que assola a cidade desde o início do ano passado.
A vereadora acrescenta que a câmara tem sido madura e paciente com a protelação de suas demandas, pelo fato de ser composta por vereadores que entenderiam as dificuldades circunstanciais que impedem a viabilização das suas medidas, mas que já passou da hora de o atual governo arrumar a casa que teria encontrado toda bagunçada.
- Tudo tem limite. Que arrumação de casa é essa que já vai para o seu segundo ano? E a casa dos outros, como é que fica? - encerra a vereadora.