Transporte feito por vizinhos

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Montes Claros
17/04/2018 às 19:13.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:23
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

Lindaura Aparecida Moura vive desde que nasceu, há 50 anos, à rua Caçarema, no bairro Conferência Cidade Cristo Rei, conhecido como Feijão Semeado. Desde 9 de novembro do ano passado, carrega a dor de ter visto o marido, o pedreiro Nílson Rodrigues dos Santos, prestes a completar 65 anos, morrer à espera do atendimento do Samu. 

Lindaura conta que a filha do casal, Carla Cintia Moura, tentou acionar o 192 para socorrer o pai. Como as unidades de atendimento não chegaram, ela levou Nílson, com a ajuda de vizinhos, até o posto da Polícia Militar, onde ele já chegou morto.

A viúva lembra que o marido agonizou por duas horas, clamando por socorro. Hoje, Lindaura é uma das moradoras do Feijão Semeado a encabeçar o movimento para que o serviço de urgência volte a atender a comunidade. 

Em tom emotivo, ela conta que a sogra ainda não superou a tragédia. Segundo a viúva, quando os socorristas chegaram ao posto policial, foram avisados pela mãe de Nílson, Maria de Lourdes Moura, que poderiam ir embora, porque o filho havia morrido sem atendimento, mesmo após a família ter relatado a gravidade do quadro. 

Drama também vive Ivanice Francisco Moura de Jesus, de 58 anos. Sem andar e sofrendo de artrose, gastrite reumatoide aguda e problemas na coluna, a viúva não liga mais para o 192. “Quando preciso ir ao hospital, conto com a caridade dos vizinhos para me levarem ao posto policial, onde aguardo o Samu”. 

Anteontem, Ivanice Francisco foi obrigada a ir de táxi à Santa Casa. Os atendimentos do Samu são realizados no posto policial no bairro Alto São João.

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