Eduardo Brasil
Repórter
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Em entrevista exclusiva a O Norte na tarde de ontem, por telefone, diretamente de seu escritório, em Belo Horizonte, o ex-prefeito de Montes Claros por dois mandatos, Luiz Tadeu Leite - PMDB, acusou a administração do ex-aliado político, Athos Avelino - PPS, de ser incompetente, de estar totalmente sem rumo e de não saber agir para enfrentar os problemas que aumentam a cada dia no município.
Em 1995, Athos e Tadeu eram aliados políticos.
Hoje, desafetos, evitam até cumprimentos
(fotos: arquivo/ Fábio Marçal)
- Este é um governo do descalabro, que segue aos trancos e barrancos, remando com muita dificuldade e sem conseguir sair da tormenta. O povo está à sua deriva. Isso se deve à falta de um comando, de uma liderança com pulso forte, com determinação, e o atual prefeito, infelizmente, não guarda essas características - acusou.
De acordo com Tadeu Leite, o prefeito Athos Avelino demonstraria total despreparo para estar à frente dos destinos da população de Montes Claros - porque o que ele saberia fazer mesmo é pegar uma boa garupa.
- Athos é bom de garupa. Sei disso porque ele foi meu vice-prefeito e demonstrou até capacidade para exercer o cargo. Foi prefeito interino por cinco vezes e felizmente não chegou a comprometer a nossa administração. Mas, como prefeito de verdade ele tem sido uma lástima. Governa sem rumo, sem projetos, não sabe o que faz ou que deveria fazer. Costumo dizer que administrar Montes Claros é como domar um bom cavalo bravo. Foi só o prefeito sair da minha garupa, sentar na sela e tomar pelas mãos as rédeas que o cavalo disparou perigosamente sem rumo.
DESQUALIFICAÇÃO
Ainda de acordo com Tadeu Leite, Athos Avelino usaria de argumentos, no mínimo, cômicos, para justificar sua completa inoperância em todos os níveis da administração pública. Para ele, não dá para engolir a justificativa de que a situação chegou a um verdadeiro caos porque o prefeito não sabia dos problemas que enfrentaria.
Ex-prefeito diz que o povo de Montes Claros está à deriva por culpa de uma administração que perdeu o rumo
- Como não sabia? Quem de nós ignorava os problemas do município? A questão dos precatórios, o excesso de funcionários contratados, a necessidade de reestruturar a prestação do serviço público? De atender à população nas suas reais necessidades, sem tentar enganar o povo, como eles têm feito agora?
Segundo Tadeu, ao dizer que todos esses problemas foram uma surpresa para a atual gestão, o prefeito Athos Avelino estaria tentando subestimar a inteligência do povo.
- Ora, é uma questão de incompetência mesmo.
O ex-prefeito aponta que os erros de Athos Avelino teriam tido origem no momento infeliz em que ele montou o secretariado municipal, quadro que considera desqualificado e retirado de fundo de quintal.
- Um exemplo? O secretário da Educação, Gilmar Ribeiro, de quem eu nunca tinha ouvido falar. Até pensava, no início, que se tratava do ex-vereador Gilmar Ribeiro. Quem é o tal? Por que está à frente de uma pasta tão importante se não apresenta nenhuma qualificação para o cargo? É triste verificar que esse expediente, o do empreguismo contra a qualidade, ocorra, ainda mais no setor de educação, em uma cidade que possui cinco universidades, de onde poderiam sair excelentes profissionais que de fato gerenciassem o ensino municipal com competência. As demais secretarias sofrem do mesmo mal.
NEPOTISMO
Tadeu Leite também atribui a desorganização da administração municipal às incoerências internas, referindo-se à atuação petista nos bastidores da prefeitura, que ajudariam a tornar a situação ainda mais conturbada.
Tadeu Leite: - Athos Avelino é bom para pegar uma boa garupa. Na direção principal perdeu o rumo
Além do mal dos petistas, ainda segundo o ex-prefeito, a prefeitura seria hoje, também, o retrato do nepotismo, onde familiares até tomam para si atribuições e ordens que deveriam partir do prefeito.
- Quanto ao nepotismo, a administração fere o artigo 100, da Lei orgânica do município que proíbe prefeitos, vice-prefeitos, secretários e vereadores de contratarem parentes de até segundo grau. E eles existem às centenas na prefeitura, delito que fere, também, a Constituição Federal.
Para Tadeu Leite, Athos Avelino estaria distante da figura política com a qual se dirigiu ao povo de Montes Claros, em 2004, enaltecendo a ética e a moral que a sua futura administração defenderia, incluindo aí o combate a qualquer evidência de favoritismo.
- Sim, a retidão nos seus atos foi o que mais ele prometeu durante a campanha de 2004, oportunidade em que tentou passar a imagem de imaculado, único ser honesto da face da terra. Nunca desconfiei de sua retidão, mas não é o que a sua administração representa hoje.
O ex-prefeito conclui observando que nem mesmo durante a campanha membros da coligação adversária e vitoriosa teriam usado tamanha retidão pregada aos eleitores, comportamento que os teriam levado a responder questionamentos na justiça eleitoral sobre a probidade dos atos de campanha, alguns deles que certamente contribuíram para o sucesso nas urnas.
- Talvez esteja aí o que mais incomodaria o prefeito em meio à confusão de sua administração. O fato de a sua ética, moral e honestidade terem sido questionadas por quem considerou ter sido enganado no pleito de 2004.
A reportagem de O Norte procurou ouvir o prefeito Athos Avelino ainda na tarde de ontem, mas assessor de nome Bruno informou que ele se encontrava naquele momento em reunião, não retornando a ligação até o fechamento desta edição.