Eduardo Brasil
Repórter
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Falta menos de uma semana para findar o prazo dado pelo Sindicato dos servidores municipais de Montes Claros, ao prefeito Athos Avelino - PPS, para que ele inicie as negociações salariais com a categoria, que já deveriam estar em curso - ou concluídas, desde março, atendendo à sua data-base.
Caso o executivo não atenda ao período, definido em Carta Aberta dirigida a ele pela entidade, distribuída por toda a cidade há duas semanas, os servidores poderão reagir ao descaso da prefeitura.
- Uma das reações é concentrar os servidores em manifestações diante do prédio da prefeitura - confirma membro do sindicato, que exigiu o anonimato com receio de represálias, em contato com a reportagem de O Norte na tarde de ontem.
Segundo o sindicalista, seu receio tem origem na presença, dentro da entidade, de pessoas com pouca afinidade com os servidores e muita subserviência ao executivo.
PREGUIÇA
Ainda de acordo com o membro do sindicato as pessoas que considera serviçais aos interesses do homem demonstrariam certa preguiça até para debater procedimentos simples em defesa da categoria que representam - e com especial aversão de tornar público o descontentamento dos servidores com a atual administração.
- Ainda que haja essa resistência, o pensamento do servidor cada vez se volta mais para uma reação justa. Não dá mais para continuarmos com tanto imobilismo - acrescenta o servidor municipal, observando que, se as manifestações não surtirem o efeito desejado a categoria poderá debater a tomada de uma posição ainda mais radical, como interromper as suas atividades.
- Existe todo um clima para isso no ambiente de trabalho, em todos os setores da prefeitura, onde os servidores não escondem estarem chateados com a defasagem salarial. Infelizmente, dentro do sindicato, este sentimento é raro.
DISPARIDADE SALARIAL
O sindicalista salienta ainda que a insatisfação dos servidores efetivos ganha dimensão na medida em que alguns privilegiados de, não se sabe de onde, a cada dia desembarcam na prefeitura para ganhar salários invejáveis como assessores de confiança.
- O salário mínimo subiu, os servidores da câmara tiveram aumento e os servidores públicos municipais continuam a ver navios, enquanto privilegiados na prefeitura navegam em águas mansas.
A administração do prefeito Athos Avelino, segundo ele, tem de cumprir as promessas que fez ao trabalhador da prefeitura, principalmente àquele que deu o seu voto de confiança ao novo governo que se anunciara justo, sério e solidário à causa dos servidores.
- Enquanto o executivo não cumpre a palavra, temos de reagir a essa indiferença, que eu também não tenho nenhuma dificuldade em entender com um ato de traição - completa o servidor público.
Ele também revela que já existiria pressão de secretários sobre os servidores para que eles não participem de qualquer manifestação.
- É a mesma atitude que outras administrações tomaram em relação ao servidor e que o sindicato tanto combatia. Sinceramente, sinto até vergonha pelos procedimentos subalternos que a entidade assumiu desde janeiro do ano passado, dobrando-se aos interesses do prefeito. Penso até em deixa-la - conclui o servidor municipal.