Eduardo Brasil
Repórter
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A visita do ministro da Saúde Saraiva Felipe - PMDB, a Montes Claros na manhã de ontem, quando participou da abertura dos trabalhos da II Conferência das cidades do Norte de Minas, promovida pela Amams - Associação dos municípios da área mineira da Adene se não atendeu às expectativas de que ele traria recursos imediatos para o município pelo menos serviu para que fossem fortalecidos os laços que o une à cidade e à região. Saraiva, durante seu discurso que se estendeu por cerca de meia hora, prometeu dar toda a assistência possível para que os problemas que se acumulam na área de saúde pública em Moc e no Norte de Minas sejam amenizados com ações efetivas num futuro próximo.
- Não quero ser tomado como miraculoso. Mas estou determinado a continuar somando no desenvolvimento de Montes Claros e do Norte de Minas - disse ele, acrescentando que o próximo passo é transformar os pré-projetos em projetos de fato, para que os recursos aguardados sejam finalmente liberados pelo governo federal.
Fazendo um breve retrospecto de sua vida pública iniciada em Moc em um modesto posto de saúde, em 1975, como médico da cadeia municipal (indicado pelos saudosos irmãos Mário e Darcy Ribeiro) até sua ascensão ao primeiro escalão do governo federal depois de experiências vitoriosas nas administrações municipal (ele foi secretário de Saúde na gestão do ex-prefeito Tadeu Leite - PMDB) e estadual, Saraiva revelou que é e será grato por todo o apoio que recebeu do povo norte-mineiro ao longo dessa trajetória, e que retribuirá ainda de forma mais efetiva essa adesão.
- Antes de ser ministro, sou deputado. E deputado é um pedinte. Se antes eu pedia pelos irmãos norte-mineiros, como deputado, agora posso fazer, realizar, como ministro de estado. E farei tudo que posso por Montes Claros e pela região. Esta é a minha casa. Este é o meu jardim - ressaltou.
Depois de participar da solenidade, o ministro da Saúde seguiu em comitiva para visitas aos hospitais Aroldo Tourinho e Universitário, onde assegurou seu compromisso de atender às demandas levadas a ele. Também esteve reunido com João Batista Silvério, secretário municipal de Saúde.
- Ele garantiu a João um estreito relacionamento, colocando que seu gabinete em Brasília estará sempre aberto a ele, a Montes Claros, sem burocracia, sem intermediários - informam fontes da prefeitura.
Saraiva Felipe, ao lado do prefeito Athos Avelino e do reitor Paulo César
de Almeida, ao chegar para a conferência na Unimontes
(Foto: Fábio Marçal)
NEM TODOS SÃO IGUAIS
O ministro da Saúde não hesitou de comentar durante sua fala, ainda que de forma breve a crise política que experimenta o país - tema que foi literalmente evitado pelas demais autoridades que discursaram na solenidade, com exceção de Elbe Brandão que até se emocionou ao tocar no assunto.
De acordo com Saraiva, a crise política, antes de tudo, deve servir para confirmar que nem todos os políticos são iguais.
- Não podemos incorrer no erro de afirmamos que tudo é farinha do mesmo saco. Generalizar. Não é assim - disse.
Saraiva Felipe ressaltou ser favorável à apuração dos fatos, da identificação e punição dos responsáveis de acordo com a lei, mas censurou o expediente da denúncia vazia que virou praxe neste momento crítico para o congresso nacional e para a nação, e a voracidade de setores da imprensa de darem prosseguimento a acusações desta natureza.
Segundo ele, assistimos a uma competição de parte da imprensa pela notícia ruim não importando se embasada em provas ou não. O ministro alertou a população, em seguida, para que acompanhe atentamente os fatos e não se deixe enganar pelo sensacionalismo da mídia e das falsas denúncias, sabendo receber as notícias com discernimento. Para isso, ele cobra mais participação das pessoas no processo político de reorganização do país.
- O pior ignorante, já dizia Brecht (Bertold Brecht, dramaturgo alemão que viveu na primeira metade do século passado), é o ignorante político. O povo não pode dizer que não está nem aí para o que acontece com o país. Todos devemos mostrar interesse nos assuntos que nos dizem respeito e que dizem respeito ao futuro do Brasil. Ninguém pode ser um ignorante político - concluiu o ministro da Saúde.