Eduardo Brasil
Repórter
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Ao reverenciar da tribuna da câmara municipal, na reunião de ontem, a memória de Farley de Souza Lima, e de sua filha, Lívia Maria, de apenas 13 anos, ambos covardemente assassinados na quinta feira 30, o vereador Ruy Muniz – PFL ressaltou que a tragédia que causou comoção popular poderia ter sido evitada se o trabalho de cidadania que o líder comunitário realizava no bairro Cidade Cristo Rei tivesse recebido o merecido respaldo da administração municipal.
Ruy Muniz lamenta que a prefeitura tenha sido incapaz de evitar a tragédia do bairro Cidade Cristo Rei, que vitimou Farley e sua filha (foto: Wilson Medeiros)
- Farley fez o que estava ao seu alcance. As pessoas em que ele depositava esperança, de que fizessem sua parte, na prefeitura, não o fizeram. A prefeitura foi incapaz de evitar essa tragédia – ressaltou, lembrando que o então presidente da associação comunitária reunira, em agosto do ano passado, o prefeito, o vice-prefeito, e os secretários municipais para uma reunião no chamado aglomerado Feijão Semeado, quando as autoridades ouviram as reivindicações dos moradores.
- Elas ouviram, prometeram ações e nada. Já se passaram um ano e cinco meses e nada do que foi prometido foi cumprido. O bairro, hoje, está entregue aos traficantes, os mesmos que mataram Farley e sua filha – completou, frisando que a ausência do poder público com suas ações sociais, em uma região marcada pela violência teria contribuído para o aumento da criminalidade.
PREFEITO AUSENTE
De acordo com Ruy Muniz, a tragédia do Cristo Rei reafirma mais uma vez que Montes Claros segue sem um prefeito atuante.
- Um prefeito que de fato impeça, com medidas corretas, que a vida de pessoas inocentes, como a de Farley, que se expôs aos criminosos no seu propósito de combatê-los, através de um trabalho social, de paz, porque ele tinha um bom coração, seja tragada pela fatalidade e pela covardia, em meio à indiferença do poder público.
O vereador também enalteceu a coragem do líder comunitário em enfrentar os perigosos marginais, e sua capacidade de agir em benefício dos mais humildes, como ele o fora, ao longo dos seus trinta anos de vida.
- Era um líder comunitário de muita capacidade, que infelizmente morreu jovem. Uma pessoa iluminada, e cujo trabalho de ajudar o próximo não pára com a sua morte. Onde ele estiver que tenha a certeza de que daremos continuidade à sua luta, e que seu nome jamais será esquecido – acrescentou Ruy Muniz, sugerindo que o bairro Cidade Cristo Rei passe a se chamar Bairro Farley José de Souza.
- Daremos continuidade aos seus projetos. Eu, particularmente, o farei, agora, ainda como vereador, e certamente quando assumir o meu mandato na assembléia legislativa. Faremos como ele queria: algo de concreto, real, verdadeiro, de bom, para a comunidade que ele tanto defendeu – concluiu o vereador e deputado estadual eleito.
HERANÇA MALDITA
Para o porta-voz do executivo no legislativo municipal, Cori Ribeiro – PPS, a tragédia do Cristo Rei, e o assustador índice de criminalidade que cerca o bairro não deveriam ser creditadas unicamente à atual administração municipal. Segundo ele, haveria circunstancialmente o avanço de uma violência que há anos tem sido um problema naquela região.
- Esse não é um problema recente, que surgiu com a atual administração. É uma herança que o prefeito Athos Avelino recebeu de outras administrações.
Ainda conforme Cori Ribeiro, a prefeitura, após atender ao convite da associação de moradores do bairro Cidade Cristo Rei, para participar da reunião, teria tomado medidas eficientes que contribuíram para reduzir parte dos problemas dos moradores.
- Desde então há, ali, um trabalho intenso da Ação Social da prefeitura – observou, depois de lamentar a morte de Farley José de Souza e de sua filhinha, Lívia Maria.