Prefeituras em greve a partir do dia 21

Sem verbas do Estado, quatro cidades aderem a movimento

Christine Antonini
Montes Claros
04/08/2018 às 07:20.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:45
 (PREFEITURA DE CAIUTI/DIVULGAÇÃO)

(PREFEITURA DE CAIUTI/DIVULGAÇÃO)

Pelo menos quatro prefeituras do Norte de Minas vão parar as atividades em protesto contra os atrasos no repasse de verbas obrigatórias por parte do governo de Minas.

Os serviços públicos de Padre Carvalho, Catuti, Bocaiuva e Patis não irão funcionar a partir de 21 de agosto – permanecem apenas os considerados básicos, como saúde. A expectativa é a de que mais cidades façam parte do protesto.

A medida foi decidida em Belo Horizonte, durante uma reunião da Associação Mineira dos Municípios (AMM). A greve tem o intuito de mostrar à sociedade a caótica situação financeira das prefeituras mineiras com os constantes atrasos no repasse de verbas pelo governo do Estado. Essa é a principal receita de muitos municípios da região, por meio do Fundeb, ICMS, IPI e IPVA.

A Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) divulgou, na última semana, que a dívida do governo com os 92 municípios do Norte de Minas cadastrados na entidade é superior a R$ 145 milhões. 

De acordo com o prefeito de Catuti, José Barboza (Zinga), do PSD, o débito do Estado com o município é de R$ 2,6 milhões. Ele ainda afirma que o dinheiro do Fundeb está vindo pela metade e que é preciso usar recurso da prefeitura para completar e fazer o pagamento em dia dos servidores da educação. 

“Ainda estamos mantendo todos os serviços com recurso próprio. Essa paralisação será de forma ordenada, sem afetar os serviços básicos à população, como a saúde, por exemplo. A crise está presente em todos os municípios mineiros, principalmente os do Norte, que é uma região carente. Temos que parar, pois sem os recursos, não temos como pagar a folha”, ressalta Zinga.

Ele esclarece que a paralisação pode ser suspensa caso o Estado quite os débitos até a data de início da greve, que não tem data marcada para acabar. 

Em nota, a assessoria de comunicação do governo de Minas afirma que o atual déficit do Estado com os municípios mineiros é de R$ 8 bilhões e que “reconhece a grave crise econômica”. A nota ainda informa que o “governo do Estado vem cumprindo, com responsabilidade, as obrigações com os municípios. Todos os esforços estão voltados, desde o início desta administração, a honrar os compromissos em todas as regiões do Estado”.

“Ainda que diante das dificuldades impostas pelo governo federal, que além de não repassar devidamente recursos ao Estado, bloqueia as contas de Minas Gerais, a atual administração segue firmemente com o propósito de garantir a continuidade dos serviços e do trabalho realizado pelos municípios mineiros”, completa a nota.
 
MOBILIZAÇÃO
No dia 21, será realizada uma grande mobilização dos prefeitos em Belo Horizonte. Eles irão se encontrar na Cidade Administrativa, às 13h, de onde seguirão, em carreata, até o Palácio da Liberdade. A expectativa é a de que pelo menos 400 prefeitos participem do movimento.

“Precisamos da união de todos. Não temos como pagar o transporte escolar, as despesas da saúde, nem mesmo os salários dos servidores públicos, dos professores. A partir de agosto, eu, como todos os demais prefeitos, não terei como quitar todos os compromissos financeiros do meu município. Precisamos nos mobilizar e mostrar à população o que está acontecendo, pressionar o governo de Minas e acabar de vez com essa dívida. Recebemos o ICMS apenas por causa das ações movidas pela AMM em conjunto com os municípios”, afirmou o presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por