(Leonardo Queiroz )
A soma do desemprego na indústria e no comércio, aliada à chegada dos aplicativos de transporte, resultou numa queda média de cerca de 146 mil passageiros por mês no sistema de transporte por ônibus da cidade. É o que aponta a Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Montes Claros (ATCMC). Os proprietários querem mudanças para conter os prejuízos.
Na cidade existem pelo menos quatro aplicativos de solicitação de transporte, como o Uber, 99, Taxi Moc e o TMove, que é o sistema para chamar mototáxi. Essa última categoria cresceu significativamente nos últimos meses, devido à falta de emprego na cidade.
Vários homens e mulheres estão se tornando moto-taxistas para não ficar sem renda. Segundo o Sindicato dos mototaxistas de Montes Claros, estima-se que no município haja cerca de 4.800 trabalhadores no ramo.
Em Montes Claros, duas empresas fazem o trabalho de transporte coletivo, Princesa do Norte e Transmoc, com 135 ônibus que levam cerca de 1,8 milhão pessoas mensalmente.
“Sentimos um grande impacto. Como não temos condições de cumprir com alguns horários, as pessoas que podem custear outros meios de transporte estão deixando as lotações de lado. Não tivemos demissões, estamos segurando ao máximo nosso funcionário, o que estamos fazendo é reformulando as folgas nos fins de semana”, pontua Valério Ferreira, supervisor de tráfego da empresa Princesa do Norte.
Neste ano, a tarifa da lotação subiu de R$ 2,60 para R$2,85. Segundo o presidente da MCTrans, José Wilson, o valor foi alterado devido ao aumento do combustível e ao custo de manutenção.
LICITAÇÃO
O último processo licitatório para adesão de interessados em pleitear a administração dos coletivos urbanos de Montes Claros foi feito há dez anos. De acordo com a legislação vigente, o contrato deve ser renovado a cada década.
Portanto, a prefeitura terá que fazer no ano que vem uma nova licitação para o transporte coletivo de Montes Claros. Uma empresa foi contratada para fazer estudos e definir o modelo que será implementado. A questão é que as empresas de transporte estão pressionando a prefeitura a mudar alguns itens no novo modelo por causa da queda da demanda.
“Somos as empresas pioneiras de transporte na cidade. Estamos aguardando o edital sair para analisarmos. Queremos oferecer um melhor serviço aos montes-clarenses, contudo, não temos boas condições de trabalho; em horário de pico um motorista gasta 30 minutos da praça Coronel à praça de Esportes (uma distância de cerca de 1,5 quilômetro), fora o péssimo asfalto cheio de buracos e o trânsito intenso”, finaliza Valério.
Procurada, a Prefeitura de Montes Claros não se pronunciou sobre o assunto.