(MÁRCIA VIEIRA)
Perigo e prejuízo é tudo o que a praticante de ciclismo Kelly Coutinho vê ao passar, dia após dia, pela avenida Francisco Gaetani. A via deveria ter sido duplicada, mas está na lista de obras iniciadas na gestão passada que foram interrompidas pela atual administração, sem previsão de retomada.
“Perdemos o pouco de acostamento que tínhamos para pedalar e disputamos espaço com carretas que chegam a Montes Claros. A pista está desnivelada e por isso corremos o risco de acidentes e de danificar os equipamentos”, diz.
A obra foi orçada inicialmente em R$ 1,8 milhão. A maior parte do recurso cabe ao governo do Estado, e o valor já está numa conta específica desde o fim de 2016. A contrapartida do município é de cerca de R$ 300 mil.
Segundo o secretário de Infraestrutura e Planejamento Urbano, Guilherme Guimarães, a interrupção aconteceu para a readequação de pontos do projeto.
“O convênio foi renovado por mais um ano e estamos aguardando a autorização para reiniciar a obra”, diz, sem estimar a data para recomeço.
O empresário Flavio Guedert, responsável pela Feijãozinho Terraplanagem, que ganhou a licitação e iniciou a obra, diz que a paralisação traz “prejuízo financeiro e moral” à firma, já que a empresa não consegue terminar o que começou por falta de “boa vontade” da prefeitura.
“Estamos com equipe pronta, preparados e com interesse para retomar a obra, aguardando apenas a resposta da prefeitura. A cada um ou dois meses procuramos o Executivo na intenção de reiniciar o serviço. É um projeto simples e basta querer resolver”, pontuou o empresário, que chegou a procurar o Ministério Público para intermediar o caso.
“O comum é que a prefeitura acione o Ministério Público, mas, neste caso, nós é que procuramos o órgão para pedir uma solução. A partir da intervenção do MP, fizemos o desassoreamento da lagoa que fica perto da obra e outras intervenções. Nosso serviço ficou perdido, porque o município não demonstrou interesse em fazer a parte dele”, diz.
TRÂNSITO CONFUSO
Em outro ponto da avenida Francisco Gaetani, comerciantes reclamam da interrupção do que seria a continuidade da avenida Vicente Guimarães. A via, nos fundos de um shopping, foi construída e pavimentada na administração anterior e o local precisaria apenas de um semáforo e de defensas para ser liberado. O valor estimado para finalizar a obra seria R$ 50 mil.
Se concluída, a avenida desafogaria o trânsito na região e beneficiaria os bairros Vargem Grande, Major Prates e Canelas.
A pista está bloqueada, mas os veículos continuam trafegando. Para o ambulante Antônio Aguiar, acidentes são iminentes. “Ciclistas e motos sempre cortam caminho por aqui. Às vezes até carros passam, porque este bloqueio é fácil de tirar. É perigoso, mas enxergam a avenida asfaltada e não entendem o porquê de não poderem passar. Há um ano estamos esperando, mas está tudo parado. Nem acho que vá mudar”.