Eduardo Brasil
Repórter
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Apesar de guardar no seu cerne prerrogativas que dariam ao prefeito municipal o poder de agir arbitrariamente contra os ex-camelôs, tirados das ruas para ocuparem o Shopping Popular, o projeto de lei do executivo de Montes Claros, que mudou as regras de funcionamento, gerenciamento e administração do prédio público amenizou um pouco a apreensão dos lojistas que estavam a um passo de perderem seus direitos de trabalharem no local e de voltarem para as ruas.
- Dos males, o menor.
Assim reagiu a presidente da Associação dos ambulantes e camelôs de Montes Claros, Cássia Brito, manifestando a importância das emendas que foram incorporadas à matéria - e que reduziram, em parte, as medidas nocivas aos micro-empresários pretendidas pelo executivo.
Cássia Brito reconhece que Ruy Muniz foi um aliado de primeira hora dos lojistas, e um incentivador para que a categoria se mobilizasse e reagisse ao projeto lesivo do executivo
(fotos: Wilson Medeiros)
- Pior seria se ele fosse aprovado como queria o prefeito, sem as emendas dos vereadores Ruy Muniz, Fátima Pereira e Athos Mameluque que pelo menos garantiram parte de nossos direitos. Agora, resta ficarmos atentos para que eles não manipulem essas leis em detrimento de nossa categoria.
EM ALERTA
Cássia Brito, duramente perseguida pela administração municipal, por revelar irregularidades no Shopping Popular, sendo retaliada por isso com a proibição de trabalhar em quiosque que possuía no prédio público - que lhe acabaram tomando definitivamente e o transferindo para um empresário do mercado formal, reconhece que o episódio, que marcou a tramitação do polêmico projeto, fortaleceu o segmento que se uniu para a defesa de suas conquistas e direitos.
Lojistas garantem que manterão fileiras para que assegurem seus direitos de atuarem no Shopping Popular, a exemplo do que fizeram na câmara durante a votação do projeto
- Neste momento, quero, em nome de muitos dos lojistas do Shopping Popular, fazer justiça ao vereador Ruy Muniz, que foi o responsável por nossa mobilização, que nos incentivou a tomar posições para que evitássemos que o prefeito tivesse aprovado na câmara municipal um projeto que definitivamente nos prejudicava, de forma arbitrária - disse, compreendendo o gesto do parlamentar - que se negou a aprovar o projeto entendendo que ele preservou o arbítrio pretendido pelo ocupante do terceiro andar do prédio da prefeitura.
- O vereador argumentou de forma inteligente sobre as mudanças superficiais, as armadilhas que o projeto ainda guardaria para nós, lojistas. Entendemos da mesma forma, mas tínhamos de ceder em algum momento, caso contrário o rolo compressor da prefeitura, como lembrou Ruy Muniz, aprovaria o projeto como o executivo queria. Por isso, a categoria se manterá unida e atenta para evitar qualquer outra tentativa de nos golpearem.
NOVA VIDA
Cássia Brito, que está grávida, também por isso foi lembrada por vereadores da oposição e por companheiros de profissão como guerreira exemplar, que se dedicou a uma causa social mais que justa e nobre, ainda que ela exigisse da futura mamãe um esforço incomum, e perigoso à sua vida e à vida da criança.
Emocionada, a presidente da associação dos camelôs reconhece que contribuiu para o sucesso da reação dos lojistas, mas que deixará, por enquanto, a responsabilidade de acompanhar na prática as novas medidas.
- O pessoal fará isso. Agora, vou cuidar de mim. Está na hora de ter um pouco de paz, mas continuarei em vigília, em contato com meus companheiros, com o vereador Ruy Muniz, que continua ao nosso lado, lá do meu canto, até poder voltar - diz ela, passando carinhosamente as mãos na barriga saliente, acrescentando que já tem tudo pronto para dar à luz um novo membro da família.
- É uma menina, e nascerá no mês que vem - conclui.