Eduardo Brasil
Repórter
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A edição de hoje de O Norte dá seqüência à série de reportagem iniciada nesta semana com pré-candidatos à assembléia estadual e ao congresso nacional nas eleições do próximo mês de outubro - neste primeiro momento destacando aspirantes ao embate político com assento na câmara municipal de Montes Claros. A reportagem desta vez ouviu o vereador Lipa Xavier - PCdoB, atualmente defendendo seu quarto mandato consecutivo na casa legislativa.
Lipa Xavier: - O excesso de candidatos ligados à administração pode ser um problema político para Athos Avelino resolver
(foto: Samarone)
Pré-candidato a uma das 77 cadeiras da assembléia de Minas Gerais, o parlamentar acredita que seu nome será homologado na convenção do partido - e guarda expectativas de ser eleito com uma boa margem de votos - considerando que as regras eleitorais mudaram, tornando todos iguais na disputa política.
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COMEÇO
Lipa Xavier iniciou suas atividades políticas precocemente, aos 17 anos, em 1984, ao entrar no PCdoB - já que a legenda comunista, até então, ilegal, não contava com o expediente da filiação. Ingressou no PCdoB com larga identificação junto aos objetivos da legenda, levando consigo experiências importantes acumuladas na defesa de causas populares após emblemática atuação no movimento estudantil, iniciada dois anos antes.
Em 87 foi presidente do DA-Fafil e, em 88, vice-presidente do DCE, ano em que também tentou se eleger vereador, sendo derrotado (apesar dos 350 votos obtidos nas urnas, então, número razoável considerando que outros candidatos chegaram ao plenário somando menos de quinhentos sufrágios).
Em 1992, coligado ao PT, se elege como o primeiro vereador comunista da história da câmara municipal, com 1.021 votos. Repetiria o sucesso nas urnas em 96, com 1.013 votos, em 2000, com 1.186 votos (desta vez sem coligação com os petistas), e em 2004, quando somou 3.254 votos, novamente repetindo a aliança do PCdoB com o Partido dos Trabalhadores.
Para chegar à assembléia legislativa, o vereador precisará reunir um mínimo de 25 mil votos. Ele acredita que não terá dificuldades para conseguir essa adesão, principalmente com as novas regras que impedem o abuso do poder econômico na campanha eleitoral.
PERSPECTIVAS
Apesar de ressaltar a condição de pré-candidato ao pleito de outubro, Lipa Xavier não esconde a confiança de que terá seu nome homologado na convenção do PCdoB. Afinal, a própria executiva estadual do partido sinalizara, há meses, para essa possibilidade, ao analisar que o vereador possuiria o perfil ideal para representar a legenda no Norte de Minas.
Primeiro vereador comunista da câmara municipal quer inovar também na história política do Norte de Minas
(foto: Wilson Medeiros)
De acordo com Lipa Xavier, essa confiança é animadora, mas que prefere aguardar pelos acordos políticos que a legenda ainda fará antes da convenção, visando a uma coligação com os pequenos partidos. As negociações estariam adiantadas nesse sentido, sobretudo com o PTN. O objetivo é alcançar com os chamados partidos nanicos um quociente que assegure à coligação, através da divisão do número de votos válidos em todo o estado pelo número de cadeiras (77) no parlamento estadual, a eleição de seu candidato mais votado. Lipa lembra que para a assembléia legislativa serão necessários entre 130 mil a 135 mil votos. Segundo ele, o partido também pode optar por uma chapa própria, mas a tendência é de que sejam formadas as coligações.
DIFICULDADES
Integrante da base de sustentação que apóia a administração municipal, que conta com vários aspirantes para a assembléia legislativa, incluindo o vice-prefeito Sued Botelho - PT, Lipa Xavier concorda que o excesso de candidatos neste núcleo, somando ainda os que pleiteiam um assento no congresso nacional pode se traduzir em um problema político para o prefeito Athos Avelino (PPS), de quem naturalmente todos esperam apoio. Reitera que ainda não conversou com Athos sobre a sua pretensão e não saberia dizer como ele está tratando essa questão, até porque essas decisões dependem dos acordos políticos que ainda serão fechados.
Além da concorrência de aliados, o vereador teria pela frente outros adversários, os chamados pára-quedistas que também transitariam pelos bastidores administrativos com muita desenvoltura, acabando por comprometer a eleição de candidatos norte-mineiros de puro-sangue - como ressaltara Antônio Silveira - PTN, pré-candidato ao congresso nacional e que critica a ação dos caçadores de votos.
Para Lipa, a campanha contra esses candidatos não se justificaria, pois ele a entenderia como uma tentativa de estabelecer, fora da lei, o voto distrital, sendo que hoje, o que vale, é o voto proporcional, quando o eleitor pode votar em candidatos de qualquer lugar. Para o vereador, a campanha é atrasada, conservadora e equivale a querer ressuscitar o voto de cabresto.
Apesar de sua defesa, Lipa Xavier concorda que o termo pára-quedista caberia em alguns políticos que de fato não demonstrariam nenhuma afinidade com a região, como é o caso de Danilo de Castro (deputado estadual do PSDB), que se elegeu com os votos do Norte de Minas e desapareceu.
NORTE DE MINAS
Lipa Xavier tem como meta, caso chegue à assembléia legislativa, reduzir o distanciamento da região com o governo do estado. Ele concorda que o Norte de Minas continua sendo discriminado na hora da divisão do bolo, referindo-se aos parcos investimentos que o governo aplica na região.
O vereador também vislumbra um fato inédito no Norte de Minas com a sua eventual vitória nas urnas, já que pela primeira vez a região, dominada pelo poder conservador contaria de fato com um representante ligado ao campo da esquerda, promovendo novos avanços sociais, o que já ocorre em outras regiões mineiras e precisa ocorrer no Norte do estado.