Lipa deixa cargo na CLI do Mocão entendendo que a câmara protela investigações

Jornal O Norte
06/09/2005 às 11:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:51

 

Eduardo Brasil

Repórter

eduardo@onorte.net





O vereador Lipa Xavier - PCdoB entrega hoje ao presidente da câmara, Ildeu Maia - PP o seu pedido de desligamento do cargo de relator da CLI - Comissão legislativa de inquérito que apura a aplicação de recursos públicos na construção do Mocão. Dessa forma, confirma o que anunciou na semana passada, quando condicionou sua permanência à contratação, pela presidência do legislativo, até ontem, 05 de setembro, de uma empresa de engenharia para promover o laudo técnico dos serviços de terraplanagem nas obras do estádio municipal de futebol, o que não aconteceu.




- Não entendo os motivos que levam a câmara a ficar protelando a contratação da empresa, para que as investigações finalmente sejam concluídas. Isso gera até comentários desfavoráveis à imagem do legislativo, que fica sob suspeita de acomodar gestões que visam abafar o assunto, de estar sendo conivente. Eu não quero me colocar sob essa suspeição e por isso deixarei a comissão - disse o parlamentar a O Norte, ainda na manhã de ontem, ao saber que o seu prazo não seria observado pela mesa diretora, aproveitando para criticar a inoperância da CLI cujos trabalhos estão paralisados desde o dia dez de julho.




- A CLI gerou enorme expectativa e agora sua conclusão esbarra na questão do laudo técnico, procedimento tão importante quanto o dos depoimentos que colhemos numa primeira etapa das apurações, cerca de doze - acrescenta, observando que até então nada de irregular teria sido identificado nas apurações.




- Resta termos o laudo técnico para conclusão do relatório, que apontará se houve ou não irregularidade na movimentação de terra, na aplicação dos recursos. Dependemos dele, para confrontarmos se o que foi pago, R$ 1,8 milhão, corresponde ao que foi feito de terraplanagem. Sem esse laudo, a CLI fica incompleta.




A CLI, ainda segundo Lipa não pode fazer de conta que está apurando alguma coisa.




- Ela não pode fazer de conta que existe, quando está, há dois meses, totalmente desarticulada - encerra o vereador.

 




Lipa entrega hoje ao presidente da câmara, Ildeu Maia pedido de desligamento da CLI






ILDEU MAIA






O presidente da câmara, Ildeu Maia, também ouvido pela reportagem na manhã de ontem lamentou a decisão antecipada a O Norte por Lipa Xavier de deixar a CLI.




- Lamento esse procedimento, mas ela (a saída de Lipa) não mudará em nada o curso das apurações, que prosseguirão sem os atropelos da pressa que o nobre colega se precipitou a cobrar. A normalidade será retomada com a indicação de outro membro - disse, acrescentando que anunciará o nome do substituto, prerrogativa que cabe à presidência da casa assim que receber o pedido de desligamento do vereador comunista na manhã de hoje.




Ildeu rechaça de forma veemente as observações de Lipa de que a câmara estaria sob suspeição da população em protelar a contratação de uma empresa de engenharia para promoção do laudo técnico. Frisando que o colega de plenário não gosta de dar ponto sem nó, ele diz que não agirá de forma precipitada em um assunto sério e que não pode ser conduzido levado por sentimentos políticos - aludindo que a celeridade exigida pelo relator poderia ser confundida com o seu passado de ferrenho opositor à administração do ex-prefeito Jairo Ataíde, período em que teria havido malversação de recursos públicos nas obras do Mocão, de acordo com denúncias publicadas pelo Jornal de Notícias.




- Aí, sim, a câmara poderia ser mal interpretada, agindo com pressa em detrimento da verdadeira apuração. Não estamos protelando nada - disse Ildeu, reiterando que a demora é pelo fato de que não existe na cidade e na região uma empresa gabaritada que possa ser contratada para os serviços altamente técnicos.




- Se a câmara tivesse a intenção de abafar qualquer resultado, contrataria a primeira empresa que encontrasse, ainda que ela não oferecesse condições para a tarefa - ressaltou, lembrando que os três orçamentos enviados à mesa diretora pela CLI já comprovariam a incapacidade das empresas.




- São empresas que cobram até três mil reais pelos serviços. Veja só, dinheiro que não daria nem mesmo para deslocamento de equipamentos. Acredito que uma empresa idônea não apresentaria tal orçamento. Por isso, solicitamos à secretaria de Planejamento que nos aponte uma empresa gabaritada de fato, que atue no mercado Rio-São Paulo e que garanta laudos mais confiáveis.




Ildeu Maia conclui dizendo que esse procedimento exige tempo e que o tempo é necessário para que a verdade seja colocada - e não suposições que nos levem a conclusões erradas.





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