Eduardo Brasil
Repórter
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Ruy Muniz - PFL entrou com requerimento na mesa diretora da câmara municipal de Montes Claros solicitando a realização de uma audiência pública, em data a ser definida, para discutir a instalação da ETE - Estação de tratamento de esgotos no município. A unidade será erguida pela Copasa em área do antigo Frigonorte, de acordo com decreto de desapropriação de terreno de autoria do prefeito Athos Avelino - PPS, medida que não teria o apoio do vereador.
Ruy Muniz justifica o pedido à mesa diretora ressaltando que é preciso rediscutir a localização da ETE - que atenderia a um plano de três décadas atrás, observando que a presença do sistema complexo naquela região poderia significar danos ambientais vitimando milhares de pessoas.
- É uma idéia que está com trinta anos de atraso. É preciso atualizar esse debate e a sociedade precisa ser ouvida neste momento.
Ruy Muniz defende mudança de local para instalação da ETE cujas obras estão previstas para este ano
(foto: Wilson Medeiros)
A obra, que será promovida pelo governo do estado, com verbas já asseguradas que somam quase 100 milhões de reais está prevista para ter início ainda neste ano. Os serviços, porém, dependem da liberação desses recursos - liberação que precisa, por sua vez, ocorrer antes do período eleitoral, caso contrário os serviços serão inevitavelmente adiados para o ano que vem.
PÓLO UNIVERSITÁRIO
Segundo Ruy Muniz, apesar da importância que o sistema de saneamento básico representa para a saúde e a qualidade de vida do povo de Montes Claros, que há anos espera pelo benefício, a localização da futura estação deve ser repensada. Para ele, a área destinada não seria a ideal, uma vez que significaria exatamente o contrário do que a ETE propõe: a preservação ambiental.
- A estação será construída no mesmo local que o ex-prefeito Toninho Rebelo disponibilizou para o município há trinta anos, ainda em 1976. Desde então, Montes Claros teve um crescimento vertiginoso e, hoje, aquela parte da cidade, além de densamente povoada, é um pólo universitário - disse ele, referindo-se às instalações das Faculdades Santo Agostinho, UFMG e da Funorte naquela região que, acredita, serão prejudicadas.
- O povo e os universitários sofrerão as conseqüências do empreendimento que procuraria exatamente preservar a saúde das pessoas. Temos de entender que o sistema requer tecnologia moderna, tecnologia que sempre acaba causando danos ambientais. O mau cheiro, por exemplo, será inevitável e ele vai invadir o pólo universitário, a casa das pessoas. Será uma agressão ambiental - ressalta o parlamentar.
COMODISMO
Para Ruy Muniz, a prefeitura precisa observar com seriedade as conseqüências dramáticas que a instalação da ETE no terreno onde funcionavam os currais do frigorífico acarretará para uma região que a cada dia se torna mais importante ao processo de desenvolvimento do município e de toda a região norte-mineira. Ele, inclusive, defende a transferência da unidade para outra região menos habitada e que ofereça condições adequadas para preservar o meio ambiente e a saúde humana.
- A Copasa poderia transferir a ETE para a região de Toledo. É uma medida que não exige muitos recursos financeiros e a Copasa até deve este serviço ao município, uma vez que sempre cobrou por um tratamento de esgoto que nunca prestou. É um débito com o consumidor de Montes Claros que a empresa finalmente poderia pagar.
O vereador acusa a prefeitura de comodismo em manter um local definido há trinta anos sem se preocupar em realizar novos estudos considerando o crescimento da cidade e seu povoamento.
- A prefeitura não terá nenhum custo com a transferência do local e tampouco enfrentará dificuldades junto à Feam (Fundação estadual de Meio Ambiente) para viabilizar a medida. O órgão aceitaria, sem nenhum problema, o pedido de mudança. Basta que o município mostre interesse nessa questão.