Gestão acumula retrocessos

Administração municipal encerrou várias iniciativas importantes nas áreas social e de lazer para a cidade

Márcia Vieira
Montes Claros
02/01/2018 às 05:20.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:32
 (FABIO MARÇAL / PREFEITURA DE MONTES CLAROS)

(FABIO MARÇAL / PREFEITURA DE MONTES CLAROS)

A atual administração de Montes Claros completa um ano marcada principalmente pelo encerramento de projetos e serviços à população. Além disso, a cidade não viu o início de nenhuma grande obra nos últimos 12 meses. 

A principal área atingida pelo corte de projetos foi a da educação. A prefeitura acabou com a escola integral, mantida pelo programa “Mais Educação”, do governo federal, com contrapartida da prefeitura. Sem o recurso municipal, a iniciativa foi encerrada e não há possibilidade de retorno, de acordo com declarações recentes do próprio prefeito à imprensa local. 

Implantado em 55 escolas, o programa abarcava cerca de 7 mil alunos e possibilitava aulas de reforço. Passando o dia todo na escola, o aluno recebia ainda cinco refeições diárias, com merenda acompanhada por nutricionista. “Quanto maior o tempo de permanência na escola, menores serão os índices de vulnerabilidade. Sem a educação integral, os alunos são expostos ao trabalho infantil e a todo tipo de abuso e violência simbólica. Essa é a pior consequência para a educação”, lamenta o professor Huagner Cardoso, ex-secretário de Educação Integral. 
 
SEM OPORTUNIDADE
Outra baixa na educação de Montes Claros em 2017 foi o fim do Pré-Vestibular Municipal e do Pré-Concurso, que chegaram a atender 1.200 alunos por semestre. 

Até 2016, as aulas eram oferecidas em pólos nas zonas urbana e rural e davam oportunidade a pessoas carentes de se preparar para processos seletivos, como o Enem e vestibulares. “O índice de aprovação nas universidades era entre 30 a 40%”, relata a ex-secretária de Educação, Sueli Nobre.

Consultado pela reportagem, o secretário Municipal de Educação, Benedito Said, contou que a prefeitura planeja um modelo virtual de ensino e reforço, mas ainda sem prazo para implantação.

A cidade também sofreu com a falta de segurança. Após a demissão de quase 500 vigias no início do ano passado, pelo menos nove escolas municipais já foram arrombadas, além de abrigos municipais e postos de saúde. Em uma das unidades, 125 vacinas foram inutilizadas após uma invasão danificar a rede elétrica do imóvel. 
 
LAZER
Um dos principais cartões-postais de Montes Claros, o Zoológico Municipal Amaro Sátiro foi fechado provisoriamente na primeira semana de administração, por falta de recursos para mantê-lo. Recentemente, a prefeitura descartou a reabertura. Para o zootecnista Délson Rocha, a medida foi um retrocesso. “O zoológico tem objetivo científico, de educação ambiental e de conscientização ecológica. É um prejuízo muito grande para a população”, afirma.

O setor esportivo também sofreu em 2017. A Praça de Esportes foi desativada e deixou de receber programas como o de natação, que era desenvolvido em parceria com os Correios. Os idosos, que praticavam ginástica gratuitamente, também viram a atividade chegar ao fim. A academia de ginástica que funcionava dentro do clube foi desativada, e os aparelhos, expostos à chuva e ao sol causticante, viraram sucata. O gramado, danificado, virou estacionamento, e as piscinas acumulam água parada e sujeira, aumentando os riscos de dengue.

Procurados pela reportagem, os secretários de Meio Ambiente, Paulo Ribeiro, e de Esportes, Igor Dias, não foram encontrados para falar sobre o assunto.
 
ALIMENTAÇÃO
Cerca de mil pessoas ainda perderam, em 2017, o direito a uma alimentação nutritiva e de baixo custo em Montes Claros. Custeado pelos governos federal, estadual e municipal, o Restaurante Popular oferecia almoço por R$ 1, mas baixou as portas. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Social, Aurindo Ribeiro, não existe possibilidade de retorno, já que o restaurante “traz prejuízo excessivo à administração e concorre com os comerciantes do mercado”.

Para o vereador Valdecy Contador, que chegou a convocar audiência pública para discutir o assunto, “a função do Restaurante Popular não é dar lucro, mas cumprir a função social de atender a pessoas em vulnerabilidade”.
 
POLÊMICA
O episódio de maior polêmica envolvendo o Restaurante Popular aconteceu em meados de 2017. O Diário Oficial mostrou que, mesmo com o local fechado, a administração contratou uma funcionária para o espaço. O assunto veio à tona em reportagem de O NORTE e, após a repercussão do caso, o prefeito exonerou a funcionária. Um vídeo feito pela assessoria do próprio prefeito, com ofensas do chefe do Executivo a um secretário, vazou na internet, e o gestor pediu demissão da pasta.

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