Eduardo Brasil
Repórter
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O Norte ouviu, pelo telefone, na tarde de ontem, Cláudia Regina de Almeida - que tentará uma cadeira no congresso nacional pelo Partido dos Trabalhadores.
Cláudia Regina: - Levarei para o congresso a minha opção de lutar contra a exploração capitalista e de defender o trabalhador marginalizado
(foto: Wilson Medeiros)
Confiante de que sairá vitoriosa das urnas, ela atribui esse otimismo ao trabalho de caráter social e educacional que realiza em Montes Claros e no Norte de Minas há décadas, seja através da militância no segmento sindical ou como profissional da Universidade estadual de Montes Claros.
A união desses fatores, que a remeteria de encontro ao eleitor de toda a região - acredita, poderá lhe garantir os votos necessários para defender os interesses norte-mineiros em Brasília.
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ADESÃO PRECOCE
Cláudia Regina começou cedo a politizar suas ações - e por isso se considera pronta para representar o Norte de Minas como deputada federal. Ainda na adolescência presidiu grêmios escolares e engrossou fileiras do movimento estudantil que se propagou pelo país no final da década de 1960, severamente combatido pela ditadura do regime militar.
Nos anos setenta, durante a fase dos estudos que antecipou seu ingresso na universidade, passou por salas de aula de Viçosa e do Rio de Janeiro, cidades em que manteve viva - e amadurecida, a militância inaugurada precocemente em Montes Claros.
Retornou para Montes Claros, ainda mais consciente da luta pela melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro, engajada plenamente nos movimentos de esquerda. Nesse período, chegou a atuar no Mobral - Movimento brasileiro de alfabetização, ocasião em que usava, driblando o regime de exceção, os métodos subversivos de Paulo Freire, e no Projeto Nordeste, como voluntária, no setor de organização dos trabalhadores rurais da secretaria de estado do Trabalho.
Formou-se em Ciências Socais pela Unimontes, onde leciona Sociologia Brasileira e Sociologia da Cultura e é responsável pela chefia do Departamento de Ciências Sociais pela segunda vez. Foi uma das fundadoras do Sindicato dos servidores municipais de Montes Claros, entidade que presidiu.
Cláudia Regina é a atual presidente do diretório municipal do PT, partido ao qual se filiou ainda em 1988 e pelo qual tentará pela primeira vez um mandato parlamentar.
CAMPO SEMEADO
Para chegar ao congresso nacional, Cláudia Regina precisará de, no mínimo, 50 mil votos. Mas ela acredita que possa se eleger com até 30 mil, no caso de ser apoiada pelo voto de legenda. Lembra que essa possibilidade é grande, uma vez que o partido reúne pré-candidatos expressivos e detentores de votações históricas, mas que confia numa margem de votos maior, e por conta própria, face ao reconhecimento de suas atuações em toda a região, seja como educadora, sindicalista ou dirigente política que certamente resultará em adesões importantes.
Ela também comemora o apoio da executiva estadual e do diretório municipal do PT à sua pré-candidatura, que teria sido acatada com o mesmo entusiasmo pelos participantes do encontro macro-regional que a legenda realizou recentemente.
Uma vez na câmara dos deputados, Cláudia Regina, além de priorizar suas ações na defesa dos trabalhadores promete que dará ênfase especial à implantação de políticas públicas fundamentais para o cidadão, incluindo aí os cuidados excepcionais com a questão ambiental.
Integrante da base de sustentação do governo municipal, Cláudia Regina não revela interesse em reunir apoios de dentro da prefeitura, a não ser os espontâneos, começando pelo do prefeito Athos Avelino - PPS, entendendo que o chefe do executivo, apesar de aliado, é partidário, tem seu candidato e seria até deselegante cobrar sua adesão. Ela, no entanto, espera reciprocidade na sua postura, observando que seria ruim o uso da máquina administrativa para o candidato que for, até porque a lei proíbe o expediente.
GOVERNO LULA
Defensora da administração Lula como a que mais fez pela classe trabalhadora do país e pelos excluídos, Cláudia Regina discorda da maioria absoluta dos seus possíveis concorrentes nas urnas, em Montes Claros, ouvidos por O Norte - de que o governo federal não fez e não faz nada pelo Norte de Minas.
Para ela é um absurdo, uma injustiça que se pense assim, ignorando as ações do governo na região, sobretudo em relação à implantação dos programas sociais - que, ainda na opinião dos já entrevistados pela reportagem, não passariam de medidas eleitoreiras, paternalistas e que a região agradece por não resolverem de fato os seus problemas.
Para provar que o governo Lula tem sido atuante no Norte de Minas, a dirigente petista adianta que o partido está até concluindo um boletim que será distribuído ao povo apontando seus avanços sócio-econômicos na região.
Cláudia Regina também discorda que o PT venha a ser prejudicado nas urnas por conta dos escândalos que manchariam a sigla, entre eles o do mensalão, praticados por correligionários execrados pela opinião pública. Para ela, é preciso separar o joio do trigo, distanciando da sigla aqueles que tentaram desvirtuá-la no caminho da corrupção. Particularmente, ela não se sente ameaçada de pagar pelos pecados alheios, de petistas mal-intencionados - a culpa não é minha e as pessoas sabem disso.
Em relação à ameaça dos pára-quedistas, os políticos tidos como aventureiros e tomadores do voto alheio, Cláudia Regina diz não estar preocupada. Segundo ela, o povo saberá distinguir quem é pára-quedista ou não, quem faz ou não faz algo pelo Norte de Minas. Eu fiz e faço. Estou tranqüila.