Eleições 2006: Antônio Silveira acredita na vez dos pequenos

Jornal O Norte
04/05/2006 às 10:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:34

Eduardo Brasil


Repórter


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O Norte inicia hoje uma série de reportagens com pré-candidatos às eleições do próximo mês de outubro. A intenção é contribuir para que o leitor e eleitor conheçam, ainda que de relance, o perfil daqueles que pretendem continuar ou iniciar mandatos na assembléia legislativa e no congresso nacional como porta-vozes dos interesses do Norte de Minas.

As reportagens começam pela câmara municipal de Montes Claros, onde seis vereadores anteciparam seus nomes na disputa política. Esperam, agora, por uma primeira vitória já nas convenções para homologação de seus nomes - e que logo entrarão na pauta dos partidos.

O primeiro a ser ouvido por O Norte, na tarde de ontem, por telefone, foi o vereador Antônio Silveira, do PTN, pré-candidato a uma das cadeiras do congresso nacional.

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QUEM É ELE

Antônio Silveira, exercendo um segundo mandato no legislativo municipal - e que divide com mais cinco colegas de plenário as aspirações de defender a região é médico e professor universitário. Iniciou carreira política em 1996, ao se filiar ao PSDB e vencer as eleições proporcionais daquele ano com 1.123 votos, legislatura em que exerceu a presidência da casa - após uma disputa acirrada com a candidatura adversária e sistematicamente apoiada pelo executivo, com o qual viria a divergir durante todo o seu mandato.

Vereador espera chegar ao congresso nacional e garantir cinco milhões de reais por ano ao Norte de Minas


(foto: Wilson Medeiros)

Ainda que nas eleições posteriores tenha conseguido reunir 1.543, Antônio Silveira, ou Doutor Silveira, como é conhecido nas campanhas políticas não repetiu a façanha de 96, ficando na primeira suplência - e em uma legenda em cujo ninho confessa que começou a se sentir estranho. Deixou o PSDB e se filiou ao PMDB, partido pelo qual foi eleito em 2004.

Hoje, filiado ao PTN - Partido Trabalhista Nacional, Antônio Silveira não esconde que a mudança de legenda atende a uma estratégia política, baseada na máxima de que a união dos mais fracos gera os fortes.

EXPECTATIVA

É exatamente através da coligação de pequenos partidos, tática política vitoriosa adotada pelo PTN nas eleições de 2002, que Antônio Silveira aspira chegar ao congresso nacional. Ele lembra que no pleito de 2002 a união dessas agremiações elegeu representantes com 26 mil e com18 mil votos, número que considera possível de superar em outubro deste ano. Na sua contabilidade de pré-candidato, estima que serão necessários, portanto, mais de 20 mil votos para se eleger.

O vereador espera reunir um mínimo de 10 mil votos somente em Montes Claros, alistando o dobro disso nas cidades da região, para onde se dirige todos os finais de semana. Outro trunfo para festejar a vitória das urnas seria o vazio que o Norte de Minas, e em especial, Montes Claros, defendem hoje na esfera federal. Para ele, a falta de representação norte-mineira acabará ajudando na sua caminhada ao planalto central até porque a região norte-mineira precisa de representantes autênticos.

PÁRA-QUEDISTAS

Apesar de não ter esbarrado, até agora, com nenhum deles nas suas andanças pelo Norte de Minas, Antônio Silveira reconhece na figura dos pára-quedistas, políticos de outras regiões que buscam os votos norte-mineiros a cada eleição - para depois não darem mais as caras por aqui até que ocorra um novo pleito -, uma ameaça à composição de uma representação regional de puro-sangue.

Para ele, o pára-quedista é uma categoria bastante difícil de combater porque ela defende grande prestígio junto a alguns prefeitos, cedendo a eles bocados, ainda que minguados, dos cinco milhões de reais a que têm direito anualmente através de emendas ao orçamento da União. Por isso estão tão enraizados no Norte de Minas, porque os prefeitos que lhes devem auxílios financeiros procuram pagar a dívida política com o voto do eleitorado que dominam.

Silveira defende a eleição de candidatos puro-sangue até mesmo para que a região tenha acesso irrestrito a esses recursos, que, na maioria das vezes, chegam reduzidos ao Norte de Minas com a sua maior parte engordando cofres de municípios distantes e mais ligados aos tais pára-quedistas.

CORRUPÇÃO

Antônio Silveira lamenta que a sua tentativa de chegar ao congresso nacional ocorra em um momento em que a idoneidade daquela casa esteja comprometida pela sucessão de falcatruas e escândalos envolvendo os eleitos pelo povo. Nas suas visitas aos eleitores, ele tem identificado a vergonha que eles demonstram quando falam daqueles que deveriam ser seus representantes em Brasília e que acabam sendo, na verdade, seus principais inimigos, os que lhes roubam o dinheiro, o que absolvem os cúmplices flagrados na falcatrua, os atores do mensalão, da dançarina da pizza. Essa vergonha também acaba motivando Silveira a buscar mais apoio para chegar a Brasília e ajudar a consertar o país, atualmente marcado pela impunidade.

É por causa desse mar de lama em que chafurda o país é que Silveira deposita confiança de que os pleitos deste ano contarão com o amadurecimento do povo, que saberá eleger seus verdadeiros representantes. Para ele, essa maturação será reforçada pelas novas regras eleitorais que procuram acabar de vez com o indecoroso caixa dois, lembrando que a igualdade entre os candidatos na disputa política, a partir da proibição de comícios, distribuição de camisetas e brindes durante a campanha eleitoral já é um sinal de que nada será como antes.

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