Crianças temem retorno à creche

Trauma faz com que alunos peçam aos pais para não ir à aula em prédio que receberá escola interinamente

Renata Galdino
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/10/2017 às 19:12.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:16
 (Dione Afonso/Arquivo O Norte )

(Dione Afonso/Arquivo O Norte )

Após a tragédia, a indecisão. Alguns familiares de estudantes da Creche Municipal Gente Inocente, em Janaúba, ainda não sabem se irão mandar as crianças para as aulas previstas para serem retomadas amanhã. Segundo eles, os pequenos estão assustados e choram quando relembram o atentado que matou 11 pessoas, sendo nove alunos, na escola, em 5 de outubro.

“No domingo, ela agarrou na perna da minha mãe e ficou chamando uma coleguinha que morreu. Ela acha que o homem fará isso de novo”, contou a vendedora Márcia Pereira da Silva Santos, de 26 anos.

A jovem é tia de Vitória, de 4, que inalou fumaça durante o incêndio provocado pelo vigia Damião Soares dos Santos, de 50. A menina ficou internada cinco dias em Janaúba e está em casa sob os cuidados da avó Josefina Pereira, de 60, e da tia. Porém, segundo Márcia, a criança chora muito e não quer ir para a escola. “Ela pede para não levar. Pensamos em só mandá-la de novo no ano que vem”.

Na semana passada, a União anunciou R$ 3,7 milhões para a construção de duas creches e a conclusão de uma quadra esportiva na cidade; R$ 4 milhões serão destinados a dois hospitais onde as vítimas foram atendidas e R$ 1 milhão para o reembolso de gastos da prefeitura
 
TRAUMA
Quem também não deve retornar ao estudos por agora é Maísa Barbosa, de 5 anos. A menina sofreu duas paradas cardíacas durante o atendimento médico e ficou seis dias internada na capital. “Ela chora, só fica contando como o vigia chegou e colocou fogo. Ela só volta para a creche depois que passar esse trauma”, garante a mãe da criança, a dona de casa Joana d’Arc dos Santos, de 24 anos.
 
NOVO ENDEREÇO
A creche irá funcionar no prédio da Unidade de Acolhimento Infantojuvenil (UAI) de Janaúba, no bairro Veredas, divisa com o Rio Novo, onde a escola incendiada está localizada. 

Em visita ao município nesta segunda-feira, o ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que a pasta irá acelerar a análise dos projetos para a expansão da rede de educação da cidade. 

“As providências técnicas e burocráticas, do ponto de vista da apresentação de projetos e propostas, devem ser seguidas pela prefeitura. A disposição do MEC (Ministério da Educação) é acelerar os procedimentos de análise para que possamos liberar os recursos e fazer com que as obras possam ganhar a dinâmica de execução na maior e melhor velocidade possível”, afirmou.

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