Bandeira vermelha faz energia subir 3%

Reajuste começa a valer em novembro; taxa extra passa de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 KWh, diferença de 42%

Tatiana Moraes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
24/10/2017 às 23:03.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:22
 (Cristiano machado/arquivo hoje em dia)

(Cristiano machado/arquivo hoje em dia)

A conta de luz dos clientes da Cemig vai subir quase 3% no próximo mês. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento na cobrança da bandeira vermelha patamar 2, que está em vigor. Isso significa que em vez de R$ 3,50, o consumidor vai desembolsar R$ 5 a cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos. Desde junho, a conta de luz já aumentou 10% devido ao hasteamento das bandeiras. 

Quando é levado em consideração apenas o custo da energia, sem considerar transporte e impostos, por exemplo, o impacto é ainda maior, conforme análise do ex-conselheiro da Eletrobrás e consultor do setor energético Roberto D’Araújo. 

Somente em energia, o consumidor paga cerca de R$ 30 por KWh. Com o reajuste, a bandeira vermelha patamar 2 representa um impacto de quase 17%. “O consumidor não tem percebido o tamanho do rombo. Os aumentos são muito expressivos”, alerta o especialista.

A bandeira tarifária foi instituída com o objetivo de remunerar as distribuidoras pelo gasto com o uso de combustíveis não renováveis, utilizados pelas geradoras. Quando há queda no nível dos reservatórios devido à estiagem, por exemplo, é necessário ligar as usinas térmicas, que são movidas a carvão, gás natural e óleo diesel, entre outras fontes. O valor gasto com esses insumos é maior do que o da água que move as hidrelétricas. 

E foi exatamente o que aconteceu neste mês. Conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), o nível dos reservatórios das regiões Centro-Oeste e Sudeste, que respondem por 70% da geração elétrica nacional, está em 18,77%. Em outubro de 2016, estava em 34,83%, quase o dobro. 

O nível atual é o pior para o mês de outubro desde 2001, quando o sistema elétrico brasileiro entrou em colapso devido à falta de chuvas. Naquela época, só não houve racionamento de energia porque as chuvas chegaram de última hora. 

Quando comparado com outros meses, o nível dos reservatórios é o terceiro pior desde o começo dos anos 2000. Conforme avalia Roberto D’Araújo, se não houvesse estagnação da produção industrial devido à crise econômica, o que manteve inalterado o consumo de energia no país desde 2014, o governo já teria anunciado racionamento. 

Ele diz que muitas termoelétricas ficam desligadas a maior parte do ano, devido ao alto custo de operação. Somente são acionadas quando há falta de água nos reservatórios. “O ideal é que esses empreendimentos fossem utilizados com mais frequência, permitindo acúmulo de água nos reservatórios”, diz. 

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