Deficientes ficam desamparados

Pessoas que precisam de cadeiras de rodas não recebem o equipamento da prefeitura

Márcia Vieira
Montes Claros
13/11/2017 às 20:31.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:41
 (Marcia Vieira)

(Marcia Vieira)

Lílian Stephanie Reis não fala e não anda desde que nasceu, há 12 anos. A mãe, a dona de casa Tânia Reis, tem peregrinado em busca de uma cadeira de rodas especial para amenizar as dores da filha e garantir certa qualidade de vida à menina. Porém, o município de Montes Claros não tem conseguido resolver a situação. Ela diz que já está cansada de esperar uma solução.

“Minha filha já passou por avaliação. No caso dela, a cadeira é necessária, mas o que eles (funcionários da prefeitura) dizem é que não têm a cadeira e nem há previsão de ter”, desabafa Tânia.

Lilian utiliza uma cadeira que conseguiu através de um doador da cidade de Governador Valadares, mas devido ao crescimento da garota, o equipamento já não serve mais. 
 
ALTA DEMANDA
O assistente social da Associação de Deficientes de Montes Claros (Ademoc), Hélder Lopes, diz que pelo menos dez pessoas procuram a instituição semanalmente em busca de apoio para a situação. Na gestão anterior do município, era possível atender entre 500 a 600 pessoas por ano, mas a administração atual não consegue atender a demanda e, hoje, aproximadamente 300 pessoas estão na lista de espera pela cadeira.

A Prefeitura de Montes Claros alegou, em agosto deste ano, ter entregado cerca de 140 cadeiras, mas o produto não estaria de acordo com as necessidades de todos os pacientes, segundo a Ademoc. As chamadas cadeiras AVD, de fabricação alemã, não são apropriadas para serem utilizadas por quem tem deficiências maiores de locomoção e em cidades com desníveis e obstáculos, como Montes Claros. 
 
LICITAÇÃO FRUSTRADA
O preço de mercado é em torno dos R$ 800, mas o recurso destinado pelo município para aquisição do produto é de apenas R$ 570 por unidade. Já a cadeira especial, que atende aos tetraplégicos, custa de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil e a verba reservada para este fim chega no máximo a R$ 1.270 a unidade. Em setembro foram feitas duas licitações, mas não apareceram interessados.

“Com um preço tão baixo as empresas realmente não têm interesse em participar da licitação. Mas nada impede o município de fazer esta complementação para resolver de vez o problema. Acredito que com R$ 3 milhões é possível zerar a situação e conseguir um alívio por mais dois anos. É questão de sensibilidade”, afirma Hélder Lopes. 

O vereador Valcir Soares é constantemente procurado por mães cujos filhos dependem de uma cadeira de rodas para se locomover. “Já que o prefeito não tem sensibilidade com a causa dos deficientes, o que fazemos é apoiar essas pessoas. Iremos com elas ao Ministério Público e partir da ordem judicial, querendo ou não, o prefeito terá que encontrar uma solução”, diz o vereador.
 
MEDICAMENTO
Outro problema que Tânia enfrenta diz respeito ao medicamento para evitar que a filha sofra convulsões. O produto não é disponibilizado pela Secretaria de Saúde há dois meses. “O preço nem é tão alto (R$ 13), mas eles estão me subtraindo o direito de dar qualidade de vida a minha filha”, diz.

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