Janeiro de um ano qualquer da minha infância.
A matricula já foi feita no grupo Escolar Dom João Antônio Pimenta que funciona na Rua Viúva Francisco Ribeiro, ao lado do Sesc.
Hora de comprar o material escolar.
De mãos dadas com minha mãe e na companhia de Roy e Eduardo descemos a rua Dr. Veloso.
O destino é a papelaria do MEC, na Avenida Filomeno Ribeiro, que fica parede e meia com a barbearia de Sinval, onde levados por nosso pai, Lay e João todo mês cortam os cabelos. Ao lado da barbearia é a casa de Dr. Ubaldino Assis e Nilcea Veloso.
O cheiro novo do material pode ser sentido do outro lado da rua.
De lista em punho, minha mãe começa a separar o material de cada um.
Os cadernos brochurões com estampas de letras cursivas azuis nas capas brancas são um convite à boa caligrafia.
A caixa de lápis de cor com doze cores formam na minha imaginação um imenso e maravilhoso arco íris.
Apontador, borracha, lápis, folha de papel almaço.
Cartolina, caderno de caligrafia são adicionados às compras.
Os plásticos de encapar cadernos vendidos no metro são de cores variadas.
O meu é da cor vermelha, o de Roy azul e de Eduardo verde, para evitar de enganados, trocarmos os cadernos.
Na Praça de Esportes, crianças amigas nossas aprendem a nadar sob os olhares atentos do professor Sabú.
De volta para casa, passamos na papelaria São Geraldo para a aquisição das pastas escolares e das merendeiras.
A minha é de plástico e tem o formato de uma casinha com direito a chaminé e tudo mais.
A farra regada a pipoca e suco para encapar e colocar títulos nos cadernos são intermináveis.
Início de Fevereiro, primeiro dia de aula.
O banho em regra parece refrescar até a alma. Cabelos e dentes escovados, colônia Seiva de Alfazema, uniforme de tergal azul marinho e camisa branca, meia ¾, conga azul e branco.
O cheiro de tudo novo incentiva ir à escola.
Na merendeira, pão com salame envolto a um alvo guardanapo de linho branco e Q suco de groselha na garrafinha plástica.
Dona Terezita Figueiredo, diretora da escola com doçura nos recepciona no portão da escola: Bem vindas crianças.
Dona Edna Godinho nos encaminha até as salas de aula.
O cheiro agradável do delicioso mingau de fubá que será servido no recreio se espalha por todo o quarteirão.
Na pasta junto ao material escolar impecável, o sonho de: estudar.
Aprender.
Virar “gente grande” e um dia.
D alguma forma ser “Doutora”.