Vivifica, trem de ferro!

Jornal O Norte
02/09/2005 às 16:22.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:50

 

Clídio de Moura Lima *

 

 Levanta-te e vem trilhar o sertão, ecoando teu apito único e característico de ti mesmo, oh trem de ferro! Tua força nos alenta e leva e conduz toda esperança de progresso, com o transporte de nossas riquezas produzidas aqui e ali, ao longo da margem da tua linha de ferro, que fez e fará, novamente, nascer e crescer povoados, vilas, cidades inteiras... Era assim e não há muito tempo atrás, que lembrança tenho!

 

Por que saíste de circulação? Fizeste algum mal? Por certo que não. São outros os motivos pelos quais tu deixaste os trilhos e foste abrigar-te num ermo e solitário galpão; inveja de ti. Outro ancestral teu, mais velho de idade, teve até destino melhor: foi parar em museu, onde é admirado e estudado como história viva. Já outro teu irmão, mais novo de idade, continua solene e soberbamente andando pelos trilhos, em rápidas e curtas viagens, somente para levar turistas, novos passageiros e outros tantos saudosos passageiros. Tua família inteira, ancestrais, colaterais, não morreram, alguns apenas dormem. Como disse anteriormente, tua família está em museus, está percorrendo trilhos, levando passageiros turistas; e até em casos excepcionais, estás transportando toneladas, milhares de toneladas de minérios...




Que história tens, oh! Trem de ferro! Quantas toneladas transportas em teus vagões e de uma só vez, juntamente com infinidade de passageiros em tuas classes. E o fazes sem nenhum esforço, como quem até pede mais peso, mais carga e mais passageiros, para demonstrar o colosso de tua força. Aí, tu és orgulhoso. Era assim, tudo junto, carga e passageiros, com destinos fixados em cada parada nos povoados, nas vilas e nas cidades, onde teus trilhos te levavam. Assim, diziam que tu eras o trem misto: carga e passageiros.




 

A locomotiva era movida a vapor.


Tinha uma caldeira alimentada

pela sua fornalha de lenha,

a lenha queimava e fazia fumaça.

A locomotiva desse trem de ferro

era chamada Maria Fumaça.

Ela apitava pi uí, pi uí, pi uí...

Maria Fumaça se aposentou.

Menino, eu vi!

Vivifica, trem de ferro.

 

A locomotiva nova agora é a diesel,

não tem fumaça e tem mais força,

é veloz e atrevida.

Não apita,

tem buzina, po om, po om, po om...

não carrega passageiros,

está parada,

adormecida

Vivifica, trem de ferro!

 

Tem outro trem

muito moderno.

É uma locomotiva

movida

à eletricidade.

Sobre ele há um gancho

que desliza sob a rede, a rede elétrica.

Mas está parada,

adormecida

Vivifica, trem de ferro.

 



 

 

Tu vais renascer e se fazer presente em todo o solo brasileiro, desde o sertão longínquo até as metrópoles, megalópoles, e afins. É apenas questão de tempo, pouco tempo, em breve retornarás. Quem te faz concorrência? Ninguém. E comparação alguma se pode fazer. Ah/image/image.jpg?f=3x2&w=300&q=0.3"left">Então! Não tens concorrente algum, por que não renasces logo? Sem resposta. Apenas explicação esfarrapada de políticos altamente preocupados com interesses outros, pessoais e particulares, sórdidos e escusos ou não. Que interessa o mensalão? O caso é de falta de vontade política porque dinheiro há e não é pouco, basta “reunir” o dinheiro. Oh! Aqui com Lalau tem mais de cem milhões; com a quadrilha dos correios, mais milhões; com a quadrilha do mensalão, outros tantos milhões (dizem até que chega a bilhão e tanto de reais); do Banco Central do Ceará, mais outros tantos cento e cinqüenta e tantos milhões de reais... e dos bancos, outros tantos dizem bilhões de reais: Banespa, Banco Fonte Cidan, Banco Nacional, Banco Econômico e outros mais, e a SUDAM e a SUDENE... Brasil, Rico País Pobre. Olha, dizem por aí que há muito mais dinheiro em situação semelhante, mor parte irrecuperável. Deixo este assunto de gatunagem pra lá porque não sei fazer matemática de milhões. Lembrei mais, e o dinheiro chamado de fundo perdido? Bobagem. Existe é fundo extraviado conforme me disse um filósofo popular, alhures.

 

Minas Gerais possui a maior quantidade de trens. Todo mineiro tem um trem. Oh! Trem doido, sô!  É Trem de ferro, é trem de carga de minérios, é trem de turismo, é trem de mineiro até nos olhos. Não é certo? Caiu um trem no meu olho. Eu tenho um trem comigo que uma força política terá efetivamente um interesse político em fazer renascer a linha de ferro de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Haverá trem de ferro do sertão para a capital e vice-versa, levando passageiros, transportando cargas, alavancando o progresso, e tudo é festa.  

 

Nosso trenzinho de ferro... Retorna! Tens tantas vantagens, e até és ecológico, porque não há de ti poluição do meio-ambiente. Vivifica, trem de ferro.

                       

* Advogado, professor da Unimontes e autor do livro Leia o trem





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