Privilégio da primeira leitura

22/06/2017 às 00:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:11

“Prefaciar um livro é sempre ter o privilégio da primeira leitura de uma obra”. Além do visível privilégio, também é uma honra apresentá-lo no meio acadêmico e no seio familiar do literato, por isso eu sou imensamente grato ao coronel Lázaro Francisco Sena, autor da obra “Do Baú ao São Venâncio: a Saga de Juraci Aureliano Teixeira”, por essa honraria que agora me concede.

É sabido que um homem só tem valor se conhecer as raízes de sua origem, a sua formação acadêmica e familiar, além de todos os caminhos por ele percorridos e que deram a base para que se chegasse aonde se encontra. Assim, este brilhante trabalho de pesquisa do escritor Lázaro Francisco Sena tem como objetivo descrever com minudências a saga do seu irmão, o doutor Juraci Aureliano Teixeira que, certamente, vai deixar para as futuras gerações uma herança de bons costumes, de muito trabalho e de exemplos a serem seguidos pelos seus descendentes.

Este livro, apaixonadamente escrito e pesquisado por Lázaro, traz de maneira gostosa e instigante, e de forma leve e agradável, as narrativas sobre o seu personagem, desde o nascimento no velho e encantado Baú até os dias de hoje, quando o Sítio São Venâncio (em Viçosa-MG) o recebe para ali ser o prazeroso “repouso do guerreiro”.

Pelo livro podemos perceber como foi dificultosa a infância do menino Juri. Nota-se, portanto, que ele “não conseguia frequentar a escola com regularidade, em razão de uma coceira generalizada pelo corpo, que não raro provocava íngua e febre, impedindo o seu deslocamento” até o educandário. Esses e outros contratempos inerentes àqueles que vivem “na roça” e que desejam um dia ascender os limites da resiliência em realizar um sonho, podem parecer estorvos na superação. Entretanto, Juri explica que não é não, isso desde que haja força de vontade, perseverança e muita determinação naquilo que se pretende fazer.

Podemos identificar neste documentário as tradições religiosas e os costumes de um tempo que não vai muito longe do de agora. As missões realizadas no distrito, em cantos laudatórios a Nossa Senhora do Rosário do Gentio e, do mesmo modo, ao milagroso São Benedito, este padroeiro do Baú, sempre encantaram as pessoas de boa fé. Nota-se que o papel filantrópico a todo o momento foi uma característica da família de Lezinho e sua esposa Luzia, eles que constantemente se apresentavam como festeiros nas comemorações religiosas do lugarejo.

Por outro lado, podemos ainda conhecer o labutar no plantio de grãos em terra dadivosa, não obstante as incessantes faltas de chuvas. O roçado sempre foi um trabalho árduo, mas necessário para a própria subsistência da família. No lazer, os momentos inesquecíveis de pedalar bicicletas ou mesmo o de se perder no tempo ao som das saudosas sanfonas. Na verdade, a escrita de Lázaro tem o poder de enfeitiçar o leitor com as suas memórias de família. O resultado é esse maravilhoso livro que ele nos oferece para que possamos imiscuir-nos na própria história de uma luta vitoriosa. “O sertanejo é antes de tudo um forte”, assim afirmava com muita propriedade o jornalista Euclides da Cunha no seu livro-documentário de “Os Sertões”. Aliás, em razão desses asseveramentos é importante salientar que o menino Juri nunca se intimidou com os percalços existentes na sua trajetória de vida, pois ele, efetivamente, se apresentou como um homem verdadeiramente vitorioso. Parabéns, Lázaro, por mais um livro de interesse comum a todos nós bauzeiros e as nossas congratulações ao doutor Juraci Aureliano Teixeira por esse paradigma de fé e muita coragem. Deo gratias!

  

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por