Guimarães Rosa, ilustre representante das Gerais de Minas

26/06/2018 às 08:23.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:59


No próximo dia 27 o legítimo representante dos cordisburguenses, João Guimarães Rosa, se estivesse entre nós, estaria completando 110 anos de idade. Notável escritor, diplomata, novelista, contista e médico, considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o saudoso e carinhosamente conhecido Guimarães Rosa é orgulho para nós, mineiros.

Nasceu, portanto, em 27/06/1908, na cidade mineira de Cordisburgo, e faleceu precocemente aos 59 anos na cidade do Rio de Janeiro, em 19/11/1967, no auge da carreira, vítima de um ataque cardíaco.

Para mim em especial, que nasci também nas Gerais de Minas, o nosso ilustre homenageado foi consensualmente chamado de o maior ficcionista brasileiro da segunda metade do século 20. Seu livro de estreia, “Sagarana”, mistura erudito, arcaico e expressões populares. O volume traz narrativas ambientadas no interior de Minas Gerais, exatamente com a cara da nossa gente.

Não podemos deixar de registrar outro grandioso trabalho de Guimarães Rosa, marco de sua carreira literária: a obra-prima “Grande Sertão: Veredas”. O escritor atinge o auge de seu estilo ao reinventar a língua e criar uma narrativa lírica e épica da vida sertaneja. O título foi eleito um dos cem livros mais importantes de todos os tempos pelo Círculo do Livro da Noruega.

Era um eterno apaixonado pelo Estado de Minas Gerais e por suas tradições. Apesar de culto, demonstrava ser simples e gostava de manter suas raízes interioranas. O regionalismo era literalmente transcrito para as páginas de suas obras, motivo pelo qual seus leitores mergulhavam com prazer em suas histórias. Enfim, tinha orgulho de sua terra.

Guimarães Rosa, indiscutivelmente, valorizava a cultura popular e seus legítimos habitantes. Prova disso é que sua principal personagem seria o índio, escolhido como emblema da nacionalidade para marcar a diferença com relação ao colonizador português. Foi também chamado de sertanismo, porque trouxe o sertão para dentro da ficção.

Assim como o nosso eterno romancista, orgulho-me também de guardar a marca da nossa gente, o sotaque característico, o jeitinho hospitaleiro de ser, a paixão pelas coisas da roça e por fazer amizade. Basta ler qualquer um dos exemplares de Guimarães Rosa para constatar o que estou dizendo.

Nós, mineiros, somos assim mesmo: abreviamos e criamos palavras. Cafezim quentim, ocê, cadim, uai, trem bão, entre muitas outras. Com um idioma próprio, o povo mineiro é facilmente reconhecido pelas pessoas. Quem nunca ouviu falar na expressão ‘logo ali’? Todo lugar que um mineiro indicar é sempre desse jeito, não importa se o destino é perto ou longe.

Se quiser surpreender os amigos faça como Guimarães Rosa: arrume a mesa e sirva café com broa, pão de queijo, alguns doces e um delicioso queijo de Minas. Depois, basta um dedim de prosa. Ah, ia me esquecendo, se tiver um pedacim de rapadura, pode trazer.

Por isso digo: o nosso Guimarães Rosa está é muito vivo em nossos corações.

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