Rádio: o grande pioneiro

Mara Narciso, médica e jornalista
05/09/2017 às 00:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:25

Em 1959, nos fundos da sala de aulas do SESC, aos quatro anos, escuto minha primeira professora Rosarinha Macedo me chamar: vem cá, Mara, para ouvir a estória que eu vou contar. Pode deixar, daqui mesmo eu “ovo”. Ovo é de galinha, o certo é “ouço”, ela me ensinou. Mas “osso” também é de galinha!, repliquei.

Eu ouço rádio e sou fã dessas ondas desde menina, com um programa e uma estação para cada época. Assisti Batista Caldeira na Rádio Sociedade Norte de Minas, fundada em 1944, e que foi a 1ª delas todas em Montes Claros. Já ouvi futebol, imaginando os lances e continuo fã de Hélio Ribeiro, meu ídolo de adolescente na Rádio Bandeirantes, cada dia melhor que antes. Também escutei o programa humorístico “A Turma da Maré Mansa” na Rádio Globo e o inesquecível Big Boy, Ritmos de Boate, na Rádio Mundial.

Evito o samba de uma nota só. Escuto, leio e vejo “uma pá” de ideias e vou tirando minha média, sempre à esquerda. Mesmo depois de quase 18 anos de internet, na qual sou viciada, não dispenso meu lazer auditivo, as músicas, as conversas, no tempo menos acelerado do rádio, diariamente, mesmo sabendo que foi esquecido por alguns.

De manhã ouço Manhã Sertaneja, de seis a sete horas, com Cid Durães e seus personagens Chico Duca, Antônio, Aroldinho e Zezão. Na primeira parte são tocadas músicas de temática rural, e as sete começa o Jornal Itatiaia, o melhor noticiário de rádio do Brasil.

Indo para o trabalho, escuto Comando das Sete, a parte da entrevista, com Benedito Said e Diogo Revert na Educadora AM, e à tarde, voltando para o trabalho, Clube do Rei, com músicas de Roberto Carlos, às 14 h. Tocam as mesmas canções, porque a certeza do que vai ser ouvido faz a fidelidade do ouvinte.

Na hora do banho, “em Brasília, 19 horas”, a “Voz do Brasil” começa com o previsível “O Guarani”, de Carlos Gomes. Ouço esse programa, em qualquer uma das estações de rádio não piratas, que fala das maravilhas do Governo Federal durante 25 minutos, mas tem contraposição mais adiante, quando vem a parte do Judiciário, depois Senado, Câmara Federal e por fim, TCU.

Em casa fico sintonizada na Rádio Universitária, ex Unimontes, especialmente aos sábados no “Programa Nossa Arte, Nossa Gente” de 8 a 9 da manhã. A atração é apresentada por Alex Tuta e Lúcio Higino. De vez em quando, quem faz dupla com Alex Tuta é Josecé Alves dos Santos, criador do programa. Muitas vezes sou convidada para a viagem de Rural, fictícia e na modalidade falada, por todo norte de Minas no quadro “Vamos viajar – paisagem na janela”. Diante de tantos passageiros, Josecé, baiano de Juazeiro, disse que o carro tinha virado um “pau-de-arara”.

Viajar com eles é certeza de diversão, dadas as habilidades vocabulares e humorísticas de Said, que é quem explica a viagem.

Quando acontecem coisas importantes como as “Festas de Agosto”, o passeio é a pé, e vamos ver os catopês, marujos e caboclinhos na Praça da Matriz.

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