“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar” (Roberto Carlos) nem sempre boa para os desprezados.
Há comportamentos implícitos de má vontade a nossa volta, que, ainda que sutis, escondem preconceitos e efeitos de catástrofe. Apenas quem já passou pelo fato entende as suas consequências, pois, ao saber, outras pessoas, vão minimizar.
Quem enfrenta o problema vê sua ferida ser beliscada todo dia, e sabe o tamanho da dor.
O discriminador faz intencionalmente, mas, pasme, diante de uma reação calorosa, assusta-se. É tão comum ter preconceito, rejeitar, insultar. O que não faltam são insolentes, que, para ficarem maiores, tentam derrubar o outro, semeiam guerra, enquanto fingem discursar a paz.
É tão natural discriminar a pessoa de pele escura, reservando-lhe os papéis sociais inferiores, tratar mal parece tão próprio, que chamar a polícia diante de um caso de injúria racial parece exagero.
Não é e nunca será.
É por isso que muitos buscam clarear a prole, alisar os cabelos, embranquecer.
O pobre também sabe o preço do desprezo.
Quem perdeu 40/50 quilos reconhece a diferença no relacionamento social, no olhar que o mundo lhe lança.
Nem é preciso entrar numa loja para comprar roupa, não, pois aí está óbvio.
O comportamento hostil vai, desde o espaço que o obeso ocupa no recinto, até na busca por trabalho. O empregador disfarça, mas não quer ligar sua empresa a imagem corporal associada ao desleixo e ao cansaço. E depois mudar de ideia, e até fazer um convite, ao ver a mesma pessoa após os efeitos da cirurgia bariátrica.
Não apenas no campo afetivo, quem experimenta a experiência do antes e do depois, sabe que muda tudo.
A discriminação adora a falácia do cada um em seu lugar, aquele ritmo habitual das coisas. Os cordatos, os calmos, os conformados, os humilhados, está na Bíblia, terão o Reino dos Céus.
Não, não fique calado.
Reaja quando não gostar de alguma atitude com qualquer um.
O preconceito contra a mulher, em todos os setores desse Brasil que já depôs uma presidente, é claríssimo.
As mulheres sentem isso, pois, veladamente são preteridas no trabalho a favor dos colegas homens.
Mesmo no topo da cadeia social, ver o brilho feminino incomoda e muitas, belas e sobre saltos, num sorriso por detrás do batom, fazem girar o ninho de cobras.
Um rapaz, que já foi moça socialmente, garante que hoje é gerente de setor, por ter trocado de sexo. E afirmou categórico: o mundo trata o homem muito melhor do que a mulher.
Tão habitual ser discriminada que muitas mal percebem a crueldade que é.
A Lei Maria da Penha e o Dia Internacional da Mulher são necessários, pois, ainda que humanos, muitos persistem desumanos.