Paranóicos! Estamos todos nós?

Artur Leite, professor e jornalista
21/06/2017 às 00:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:10

Acompanhado da repórter-fotográfica Márcia Vieira fui à Casa das Irmãs de Caridade localizada na avenida Cel. Prates na noite de segunda-feira fazer a entrega da Medalha Dr. Pedro Santos à irmã Verly, uma grande benfeitora de Montes claros e que há mais de 20 anos chegou à cidade para estender as mãos aos mais necessitados. Confesso aos meus leitores que há muito tempo não me sentia tão bem. Tão confortado e num estado de espírito revelador. Depois de muitos agradecimentos e conversas sempre agradecidas ao casal Tone Santos e Heleninha, autores e incentivadores do projeto, além de Carmem, Irmãs Thais, Carmelita, retornei para minha residência e comecei a refletir sobre o estado de paranoia que estamos vivendo em nosso dia a dia, quando não temos tempo para nada, isto é, para nós mesmos, e às vezes para o outro.

Tão logo encontrei com a Márcia Vieira, exatamente às 19 horas em frente ao Colégio Imaculada Conceição, logo lhe elogiei, pois a Marcinha Yellow, como todos se referem a ela, é diferente em tudo, impulsiva, veste com personalidade e tem uma beleza bem europeia. Lembro que lhe disse como em todas as outras vezes que ela estava bonita, uma verdadeira gata. Na hora lembrei também que ela poderia sair dali direto para uma delegacia da Mulher e denunciar-me por assédio.
Na verdade esses são tempos de paranoia. Quantos homens estão deixando de ser simpáticos e gentis com mulheres até mais próximas, como a Marcinha, por receio de serem interpretados erroneamente. Quantos amigos não saem do armário com medo de ficarem marginalizados no emprego, na roda social e ou na família. Quantos mentem sobre uma compra que fizeram no Shopping Popular, mas afirmam que foi no Montes Claros Shopping, para não deixaram à mostra a atual condição financeira. Quantos não opinam sobre política com medo do patrulhamento. Quantos ainda inventam que estão com agenda cheia, como afirma o Maçarico, para não parecerem que estão sem nada o que fazer. Quantos comem uma boa sobremesa escondido para não terem uma gordurinha criticada. Quantos fazem a feirinha no Maciel ou no BH, mas afirmam que foi no Center Pão ou Super Kilo com medo da queda de status. Quantos evitam olhar para aquele personagem ao lado, mal vestido, vindo do trabalho, com medo de que ele seja um bandido .Quantos escondem os seus projetos de viagem, de uma compra qualquer com receio de serem copiados. Quantos trancam gavetas, portas, janelas com medo de roubos. Quantos não cometem um momento de amor com o parceiro com medo de olho gordo. Quantos evitam compartilhar copos e talheres. Quantos não deixam telefones celulares sobre as mesas e ou não deixam bolsas penduradas nas cadeiras ao irem se servir no buffe. Quantos não atendem campainhas de suas casas para agentes de saúde com medo de assaltos. Quantos alugam vestidos e ternos em lojas especializadas, mas em segredo total com medo da crítica alheia. Quantos evitam falar que o filho está trabalhando no Estados Unidos ganhando bem e o outro está virando empresário em uma capital, e com sucesso para não serem rotulados como mentirosos. Quantos chegam às festas em mototaxi ou em táxi, mas ficam uma esquina antes para não serem vistos. Quantos gostariam de frequentar os encontros das “Poderosas“ e saírem na coluna do Théo, mas não perdem tempo para destilar o veneno da inveja sobre os mesmos. Na verdade, meus amigos, estamos precisando é do conforto espiritual, da paz, da amizade sincera como encontrei na residência das irmãs do Colégio Imaculada e Santa Casa, e que infelizmente não estamos encontrando mais nas praças, jardins, balcões de barzinhos e até mesmo em clubes sociais ou no seio familiar. Uma coisa.

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