Pacote de bondades para aliviar

Artur Leite, jornalista e professor
15/06/2017 às 00:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:05

Não é novidade para ninguém que o presidente Michel Temer, ao vencer o primeiro round de sua provável cassação, quando foi absolvido pelo TSE, com certeza vai lutar até o último minuto para conseguir chegar ao final de 2018.

Em todos os setores ele procura alternativas para conseguir apoio popular o que não está lá muito fácil.

Agora mesmo ele já havia confirmado o tal “pacote de bondades”, mas sofre pressões principalmente por parte dos economistas, contrariando os políticos.

Na verdade, ele está querendo tomar medidas para retomar o consumo, aumentar a renda da população e estimular investimentos.

Mas já avisou que nenhuma decisão será tomada até que ele volte de uma viagem oficial à Rússia, em 23 de junho.

Ventos que sopram de Brasília confirmam que os seus principais conselheiros políticos insistem na adoção de um pacote de bondades para ajudar a melhorar sua popularidade em meio à crise aberta a partir da delação da JBS.

Essa área do governo trabalha principalmente com propostas de alívio no Imposto de Renda para pessoas físicas, como a redução de alíquotas e o aumento da parcela da população que fica isenta de pagar o tributo.

Uma das propostas é reduzir de 27,5% para 18% a alíquota do IR para quem ganha a partir de R$ 4.664.

Querendo desvincular a crise da área técnica o próprio ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, considera impossível a adoção de medidas que representem perda de arrecadação, num momento em que o governo já tem dificuldades para cumprir a meta fiscal - que prevê um déficit de R$ 139 bilhões para este ano.

De acordo com levantamento do Banco Central junto ao mercado, as projeções para o déficit fiscal para este ano estão em R$ 142,051 bilhões, portanto, acima da meta.

Para a equipe econômica, propostas de flexibilização das contas públicas dariam ao mercado um sinal de desvio das premissas do ajuste fiscal, uma vez que os investidores já lançam dúvidas sobre o avanço da agenda de reformas do governo.

A credibilidade de Temer diante do mercado tem como pilares a política de austeridade do ministro e o avanço no Congresso das reformas trabalhista e previdenciária.

O pior de tudo isto é que além do pacote de bondades tem o “pacotão de denúncias” que vai do passeio de avião e helicóptero até às malas cheias de dinheiro.

Somente nesta semana tivemos delações e depoimentos comprometedores sempre com o presidente sendo citado.

A crise política deflagrada pelas acusações feitas contra o presidente por executivos da JBS desestabilizou o cronograma da agenda na Câmara e no Senado.

Michel Temer nos últimos dias está mais cauteloso, principalmente diante de possíveis medidas populares, pois se isto ocorrer, pode perder o seu principal sustentáculo que segura a classe empresarial que é a turma de Meirelles que comanda a economia.

Nota-se claramente que a grande dificuldade também nessas medidas é a premente necessidade de compensar a perda de arrecadação.

Uma proposta inicial, de aumento da tributação de lucros e dividendos de pessoas jurídicas, encontra resistência tanto na Fazenda como na equipe política.

Há receio de que essa medida, se aplicada fora dos padrões internacionais, por exemplo, provoque fuga de empresas do país.

Realidade dura para o presidente.

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