“Dei uma determinação ao gerente!”, disse o Mestre para espanto do incrédulo discípulo, ávido por conhecer o que ele havia feito de tão excepcional em tão pouco tempo para resolver o problema daquela importante empresa da região.
“Uma única determinação?”, insistiu o iniciado, um pouco decepcionado com a singeleza da resposta.
“Sim, uma única determinação, uma ordem para ele dar aos seus projetistas!”,confirmou o Mestre num tom afirmativo.
“Que ordem Mestre?”, arriscou perguntar o discípulo, olhando fixamente direto nos olhos do Mestre.
“Que ele não iria mais receber projetos que não coubessem numa única página!”, concluiu o Mestre, enquanto resmungava entre os dentes que aquela havia sido a parte mais fácil da história.
O jovem só muito tempo mais tarde conseguiu entender a eficácia da estratégia adotada pelo seu guru. O Departamento de Engenharia era o gargalo da empresa, pois praticamente tudo era desenvolvido internamente e era grande o descontentamento com a área de projetos... Geralmente atrasavam muito e não atendiam o que havia sido solicitado pelos setores produtivos... Eram muito rebuscados, de difícil visualização e de execução complicada...
Já haviam passado por lá vários gerentes e famosas consultorias tentando em vão resolver aquela restrição ... Foi aí que chamaram o Mestre para tentar solucionar o dilema...
Na sua primeira visita percebeu logo a origem do problema... Todos os projetos da empresa eram aprovados pelo Presidente, um engenheiro muito competente tecnicamente, mas que adorava discutir a “rebimboca da parafuseta”... Centralizador e prolixo, não abria mão das soluções mirabolantes que engenhava para resolver os problemas da empresa que julgava conhecer na palma da mão... Assim era usual, durante os despachos com a Presidência, que o constrangido gerente de plantão tivesse que chamar algum dos seus projetistas para dar explicações mais detalhadas e receber novas orientações sobre o que fazer na prancheta...
É claro que os projetistas adoravam esta “saia justa” e com o tempo perceberam que quanto mais dificultassem o entendimento do projeto, mais seriam convocados a frequentar o “gabinete presidencial”, o que os fazia se sentirem cada vez mais importantes!
“A parte mais difícil foi convencer o Presidente a delegar aos usuários a responsabilidade pela aprovação dos projetos!” Desabafou o Mestre, num suspiro só, encerrando a lição.
Muitas vezes deixamos a vaidade tomar conta de nossos comportamentos comprometendo a condução inteligente dos negócios e invertendo o foco de nossas ações.
Sempre que a “fogueira da vaidade” estiver crepitando alto é preciso “baixar a bola”, descer o centro de gravidade, valorizando as soluções mais simples, o caminho mais curto, o diálogo direto, rendendo-se sempre à voz do cliente!