O Mago da produtividade

*Leila Silveira e **Délcio Fortes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
05/08/2017 às 00:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:56

– “Qual é o seu melhor amigo?” Perguntou-me de chofre o Mestre, quando estávamos falando sobre relacionamentos humanos.

– “Aquele que te dá uma mão nas horas amargas ou aquele que te aplaude quando fazes sucesso?”, insistiu na pergunta diante do meu instantâneo silêncio.

– “É aquele que te dá uma ajuda quando está na pior ou é aquele que torce por você mesmo que ele tenha ficado para trás?” – Emendou, esboçando aquele sorriso meio torto de “cowboy”, quando queria ser enigmático...

Sem titubear mais, respondi de pronto:
– “Ora, é lógico que é aquele que fica do meu lado quando as coisas estão ruins!”

Sem dar-me uma resposta de volta como de costume, mas meneando negativamente a cabeça, o Mestre levantou-se calmamente, sem antes mirar-me compassivamente no fundo dos olhos e deixou o local, com um ar de decepção e resignação, diante da minha ingênua escolha...

A verdade é que a maioria de nós pensa como o senso comum que é o de achar que o verdadeiro amigo é aquele que está presente nas horas adversas.
No velório de um familiar, na derrocada dos negócios, na perda do emprego, nas desventuras amorosas.

Estar presente nesses momentos realmente é um traço e um indicador de amizade, mas não é o único, nem o mais significativo.

Acolher um (a) amigo (a) nosso (a) numa situação crítica demonstra sim compaixão, atenção e solidariedade. Isto ninguém discute. A questão é: quanto isto custa para nós?

Estender uma mão, ajudar “cachorro morto”, “dar um troco pra quem tá na lona” pode no mínimo nos fazer sentir bem, confortáveis, bem sucedidos, caridosos e até experimentar certo grau de superioridade em relação à desgraça alheia.

O difícil mesmo é gostar do sucesso do seu amigo, especialmente quando a sorte não te escolheu. Desafio mesmo é aplaudir o amigo que passou no vestibular, quando você foi reprovado.

Prova maior é admirar o amigo que conquistou a vaga que vocês dois estavam disputando, passo a passo. É vibrar com a sobrevivência do outro diante do fogo inimigo, quando já não se tem mais esperança de escapar.

É verdade que a amizade não escolhe momento para se demonstrar. Porém, o teste mais difícil ocorre quando somos nós que “estamos por baixo”.

É comum nessas situações aparecerem sentimentos até então estranhos naquele relacionamento amistoso como raiva, inveja, ódio, hostilidades, malquerenças.
Pode ser uma emoção passageira ou não, mas sem dúvida dá sinais de nosso verdadeiro vínculo com o outro e do grau de amizade estabelecido.

O fato é que ao vermos um suposto amigo “na pior” dificilmente experimentaremos sentimentos negativos deste tipo... Eles só ocorrem quando nos sentimos “por baixo”, perdedores, preteridos, infelizes, rejeitados, rebaixados, esquecidos...

Talvez seja por isso que amigos de verdade são contados nos dedos de uma só mão e devem como diz a bela canção, “ser guardados debaixo de sete chaves, dentro do coração!”
 

Desafio mesmo é aplaudir o amigo que passou no vestibular, quando você foi reprovado. Prova maior é admirar o amigo que conquistou a vaga que vocês dois estavam disputando, passo a passo. É vibrar com a sobrevivência do outro diante do fogo inimigo, quando já não se tem mais esperança de escapar.


*Psicóloga, Coordenadora do curso de Psicologia Funorte e Diretora da TransformaSH Ltda.

**Engenheiro, Professor universitário e Consultor/sócio da TransformaSH Ltda.

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