Antônio Augusto Souto
Se o céu é apenas
espaço infinito
onde se movem os astros,
então ele é mero estendal,
que prende e encerra,
qual gaiola descomunal,
os seres e o mar,
os rios e as montanhas...
enfim, a Terra.
Se o céu é, somente,
abóbada celeste,
firmamento,
então ele é taça azulada,
sobre todos e tudo voltada;
é cúpula inclemente
e eterna prisão,
limitação externa
ou ilusão.
Se, para o poeta,
o céu, à noite,
quando estrelado,
é lacrimário de astros;
então ele é negro manto,
marchetado de alabastros;
é canção, é elegia;
até sonata,
com notas de ouro e prata.
Na alvorada,
o céu quase vermelho
se paramenta de azul
e névoas claras
e espera o nascer do sol
e, com ele, o arrebol.
Ensolarado,
o céu desvenda tudo;
mas não diz nada,
que ele é mudo.