De Indiana para Montes Claros

24/02/2018 às 06:22.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:33


A americana Peggy Smith Fonseca, que reside no Rio de Janeiro, é a convidada hoje para as celebrações do Centenário da PIB - Primeira Igreja Batista de Montes Claros. 
Ela nasceu no estado de Indiana, nos EUA. Veio para o Brasil em 1983 com 31 anos, através da antiga Junta de Richmond (hoje, Junta de Missões Internacionais). Trabalhou no Espírito Santo como diretora executiva da UFM- União Feminina Missionária e depois como professora no IBER- Instituto Batista de Educação Religiosa (hoje CIEM- Centro Integrado de Educação e Missões) como missionária. No final de 1992 se casou João Soares Fonseca, pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro e se desligou da Junta. Continuou como professora do IBER até começar a trabalhar na UFMBB- União Feminina Missionária Batista do Brasil como líder dos Amigos de Missões. Peggy e seu marido serviram uma Igreja canadense de 2001 à 2006, onde trabalharam em inglês, português e francês (somente ele em francês). Antes de se casarem, ela serviu como missionária voluntária na Coreia do Sul e ele no Iraque. 
 
O que falta para o Rio ser uma cidade verdadeiramente maravilhosa?
Que pergunta. Mas vou compartilhar algo que me preocupa bastante. Dizem que nossa cidade é bastante evangelizada. Você entra nas prisões e pode encontrar centenas de prisioneiros que são filhos de evangélicos ou dizem que eles são evangélicos. Você pode subir os morros e ver os traficantes escutando os cultos evangélicos na rádio. As Igrejas crescem quase na mesma proporção da violência. Estou preocupada que não estamos vendo o verdadeiro evangelho pregado. As pessoas não estão vivendo os princípios bíblicos. Quando membros da Igreja pagam propinas e compram mercadoria pirateada, entre outros, também contribuem para a violência e crime da cidade. Nossa cidade precisa de homens e mulheres que fiquem firmes no compromisso de viver a vida cristã. E eles precisam se levantar e atuar em áreas de liderança na sociedade, inclusive a política, para fazer a diferença. Precisamos crentes corajosos para ser diferentes e exigir que as coisas mudem, mesmo se custar sua vida. Pronto, falei o que eu penso no assunto.
 
Quais são os trabalhos que você desenvolve ao lado de seu esposo, o pastor João Soares Fonseca no Rio de Janeiro? Como é a rotina de vocês? O que a motiva?
Cada fase da minha vida ministerial tem sido um desafio. Ajudo meu esposo e minha igreja em todas as áreas onde há necessidade. Tenho ensinado na Escola Bíblica Dominical, sou voluntária com o ministério infantil, trabalho com o ministério de música no planejamento de cultos quando necessário. Colaboro na secretaria de comunicação na preparação do boletim semanal, na liderança de um Pequeno Grupo Multiplicador, e de vez em quando pregando nos cultos quando meu marido está viajando.
Por conta das nossas personalidades, não temos muita rotina. Nós gostamos de flexibilidade e uma vida espontânea. Gosto de escrever e estudar bem cedo, pela manhã. Ele prefere trabalhar de madrugada. Mesmo assim, somos unidos no ministério. Ele me ajuda preparar meus sermões e palestras e escrever para o Manancial (uma publicação da União Feminina Missionária Batista do Brasil), e faço o mesmo para ele. É maravilhoso sentir que somos uma equipe em tudo. 
Minha motivação? Sempre fui uma pessoa bastante motivada. Quando ainda criança (8 anos) minha irmã mais velha ganhou um concurso oratória usando o texto de 2Ti 2:15 “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade”. O versículo marcou minha vida para sempre. Quero ser uma obreira aprovada por Deus!
 
Na Igreja, as mulheres também começaram a ser reconhecidas quanto à sua atuação na vida eclesial, a frequentar faculdades de teologia entre outras. Qual sua opinião sobre o assunto?
Eu me formei no seminário batista do sul dos EUA em 1978. Isso foi só alguns aninhos atrás (risos), mas já tinha muitas mulheres estudando comigo. Após me formar, sempre trabalhei no ministério em várias capacidades. Já trabalhei como professora de Educação Cristã, líder em várias áreas da denominação batista. Embora eu pessoalmente nunca sentisse a chamada pastoral, eu apoio a atuação do Espírito Santo na vida das mulheres, exatamente como lemos no Novo Testamento: das filhas de Filipe que eram pregadoras e Priscila que ensinava teologia ao pregador Apolo. 

Como é para a senhora ministrar nos 100 anos da Primeira Igreja Batista de Montes Claros?
É uma emoção grande ver os irmãos comemorando 100 anos de fidelidade ao Reino de Deus. Eu amo a Igreja de Jesus Cristo. Gosto de ver Igrejas saudáveis, ativos na pregação da Palavra e no evangelismo e no discipulado. 
 
Qual o envolvimento da PIB Rio com Missões? 
Nossa igreja sustenta vários missionários, contribui fielmente as ofertas missionárias, mantém duas congregações a faz viagens missionárias. Apoiamos e até ajudamos a sustentar os jovens que têm uma chamada ao ministério pastoral ou missionário. 
 
O que a senhora pode dizer para um missionário (a) em campo ou para uma pessoa interessada pela obra missionária?
Acho que “ir” ao campo não transforma ninguém e nem faz com que tenha mais oportunidades, nem ter mais coragem. Com isso quero dizer, que quem acha que gostaria de ser um missionário um dia, provavelmente nunca será. Tem que ser um missionário agora. O melhor preparo o campo missionário é ser envolvido na sua igreja local, participar de projetos missionários, ser um testemunho onde estiver e estudar a Bíblia constantemente. Como a musiquinha infantil diz: “Posso ser um missionariozinho, pra falar de Cristo...”.

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