O entendimento de que os presídios mais servem à “escola do crime” que à educação e ressocialização dos detentos é maioria entre nós. Atrás das grades, este “aprendizado” é mais assustador que aquele praticado no submundo. Então, disso se dá o preso dito “escolado”: aquele que mete medo pela brutalidade aperfeiçoada no cárcere. Não que o detento abra mão de um futuro escorado na educação - ou que sua ressocialização se inicie com o ingresso no mercado de trabalho. Na maioria das vezes, eles não têm essa oportunidade.
Em Montes Claros, O NORTE apurou que das dezenas de centenas de detentos dos dois presídios da cidade, Alvorada e Regional, apenas 63 têm acesso à educação, e, pior, somente aos primeiros anos do ensino básico, já que para o fundamental e médio não existe acesso nenhum.
De acordo com a Pastoral Carcerária, isso se deve à falta de estruturas dos presídios, sem espaços adequados para que os presos estudem - o que descumpre preceitos que obrigam o poder público a ofertar ensino regular de graça para toda a população.
De acordo com a Pastoral Carcerária, um dos principais entraves para que a educação alcance número maior de detentos em Montes Claros é a superlotação no Alvorada e Regional. Nos dois locais, eles vivem como “sardinha em lata”. Com capacidade para 854 presos, as duas penitenciárias estão com 1500. São 646 a mais. Dá para imaginar o aperto em que vivem. E, nessa hora de reprimo, pensar em educação certamente é o que eles menos fazem. Mais importante que o intelecto é o poder físico (e territorial) de esticar as pernas.