Infelizmente, a greve dos médicos do serviço público de Montes Claros chegou a seu final sem uma solução que atenda às partes envolvidas, e o certo é que diante do impasse quem saiu prejudicada foi a população. Calcula-se que pelo menos 4 mil pessoas deixaram de ser atendidas no período de nove meses.
No último domingo, por decisão da Justiça, os médicos terão que voltar ao trabalho, e aí retornarão ao velho jogo de empurra. A categoria alega falta de condições de trabalho e, por isso, não cumpre a jornada de trabalho, enquanto a prefeitura diz que paga conforme a jornada trabalhada, e aí os contracheques mostram números irrisórios. Ou seja, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega, e a população carente acaba ficando entregue aos Deus dará.
Como trabalhadores responsáveis que são, os médicos têm razão em reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Fica difícil imaginar um piso salarial da categoria na base de R$ 2.400 para uma jornada de 20 horas semanais. De outro lado, é também impensável que a prefeitura não esteja oferecendo condições dignas de trabalho para os seus cerca de 200 médicos.
Quem sabe não seria o caso de uma intervenção do Ministério Público no atendimento médico público para uma solução do impasse? E se ficar comprovado que alguma das partes não está cumprindo suas obrigações como devem ser cumpridas, que seja penalizada. Que se coloque o dedo na ferida. O que não pode é a população ficar relegada em seu atendimento diante do impasse que se coloca há meses. Que o retorno ao trabalho sirva de momento de reflexão para os dois lados e que se busque uma solução digna aos interesses da população.