Não deixa de ser inquietante a reportagem da página 5 desta edição mostrando que muitos soropositivos têm desistido de prosseguir no tratamento da doença. Ou seja, não buscam o coquetel de medicamentos necessários para controlar o HIV.
Montes Claros é polo receptor de tratamento dos pacientes com doenças sexualmente transmissíveis, principalmente o vírus da imunodeficiência humana, o HIV causador da AIDS. Se no passado proliferavam doenças como a sífilis ou a gonorreia, hoje o bicho-papão é a Aids. Por isso, o sumiço de soropositivos tem chamado a atenção do pessoal do Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (Chetan).
Pelo visto, é necessário fazer um trabalho assistencial em torno dos usuários do coquetel, que usam diversas justificativas para relegarem o tratamento. A coordenadora do Caetan, Maria da Salette Mendonça, diz que são inúmeras as justificativas para a interrupção da terapia, desde efeitos colaterais provocados pelos fortes medicamentos até mesmo preconceito ou questões religiosas. Portanto, em alguns casos é preciso se pensar até mesmo em um trabalho psicológico junto aos pacientes para reverter a situação. E é preciso que esse trabalho seja realizado rapidamente.
Afinal, como destaca a médica infectologista Cláudia Biscotto, o tratamento de HIV deve ser constante e interrupto e tem como facilitador o fato de toda medicação ser entregue gratuitamente pelo Ministério da Saúde. São medicamentos que têm de serem usados continuamente pelo resto da vida para promoverem o controle da doença, impedindo a sua evolução. Portanto, é importante destinar atenção total para o problema.