Demorou, mas, enfim, o governo federal reconheceu o estado de emergência em que vivem 151 municípios do Norte de Minas prejudicados pela seca, problema que não é novidade na região. Agora, as prefeituras poderão solicitar o apoio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para ações de assistência à população e restabelecimento de serviços essenciais.
Tudo bem, mas é preciso que sejam adotadas medidas duradouras, e não apenas emergenciais, para que o problema não se repita e nos próximos anos estejamos lamentando e abordando a mesma questão. Um bom exemplo é mostrado pelo Vale do Jequitinhonha, o antigo “Vale da Miséria”, que hoje vive uma situação bem diferente do que vinha vivendo há décadas. Ali, desde o primeiro governo Lula a região passou a contar com várias iniciativas de combate à seca e à miséria. A principal delas, sem dúvida, foi uma ampla adoção de cisternas a nível do solo ou perfuradas. Quem hoje percorre o Vale nota a presença de inúmeras cisternas que não passam de caixas d’água que captam (nos telhados) e guardam água de chuva, precioso líquido que nos períodos de seca é usado para matar a sede de animais e para o uso doméstico.
Será que não seria disso que as cidades do Norte de Minas estariam precisando quando os rios secam? Chega de caminhões-pipa e distribuição de cestas básicas, que só servem para alimentar o clientelismo político e dar espaços a mutretas. Chega de ficar apenas apagando incêndios!
É hora também de se pensar em outras formas de acabar com o mal pela raiz. Outra boa iniciativa seria a recuperação da vegetação junto às nascentes, o que já deu bons resultados nos vales do Jequitinhonha e do Rio Doce, no caso, em Aimorés, onde iniciativa do fotógrafo Sebastião Salgado tem mostrado que nem tudo está perdido.