Mais uma vez a nossa região é sacudida por notícia de repercussão nacional envolvendo mutretas de outras paragens que vêm desaguar por aqui. Desta vez o Norte de Minas foi escolhido para abrigar uma das mais especializadas quadrilhas de falsificadores de cigarro e lavagem de dinheiro. A coisa veio lá do Paraná e explodiu aqui, como mostra reportagem publicada na página 4.
O clima seco, o pouco registro de chuva e a grande malha viária que facilita o acesso às regiões Norte e Nordeste serviram de atrativos determinantes para a escolha da montagem de fábricas clandestinas por aqui. Duas fábricas foram fechadas nas vizinhas Grão Mogol e Claro dos Poções. Para a fabricação dos cigarros, os bandidos escolheram fazendas em locais de difícil acesso e contavam com mão de obra especializada vinda do Paraguai, já que os trabalhadores tinham como real profissão a produção de cigarros em Cidade Del Este. Há suspeita de que eles fossem submetidos a trabalho escravo. Devido à produção em larga escala, eles eram mantidos ali por até 20 dias.
Felizmente, até ontem 11 pessoas da quadrilha haviam sido presas. O curioso é que entre elas está um cantor sertanejo, detido num condomínio de luxo em Londrina, na região oeste do Paraná. Aliás, foi a partir da dupla sertaneja que a polícia descobriu a mutreta, ao suspeitar de lavagem de dinheiro. O pai de um dos cantores é suspeito de chefiar a quadrilha, já que usava notas frias para justificar uma grande movimentação de dinheiro. A Receita Federal acredita que a quadrilha tenha faturado mais de R$ 300 milhões com a falsificação, uma vez que no esquema fraudulento o lucro era de mais de 80%.