O cemitério é um local onde a maioria das pessoas não gosta de estar. Geralmente quem vai até lá está passando por um momento de dor, pela perda recente ou ausência, em visitas aos túmulos de entes queridos. Por isso, cuidar bem dessas áreas é uma forma de homenagear quem passou por essa vida com dignidade e de respeitar os sentimentos de quem ficou por aqui.
Mas o que vimos nos dois cemitérios municipais, localizados no bairro Sumaré, e publicamos hoje, é um completo desrespeito aos moradores de Montes Claros. As fotos dão uma noção da verdadeira selva que se tornou o espaço. Muitos túmulos estão completamente cobertos pela vegetação. Se quem vai visitar um túmulo não souber com precisão onde o jazigo está, fica difícil localizá-lo.
A exceção fica para as partes de maior visibilidade dos cemitérios, entre as entradas principais e os velórios. Nessas partes, os túmulos estão bem cuidados e a vegetação aparada. Parecem até locais diferentes.
A situação é consequência de uma escolha: em vez de fazer o possível para manter o mato controlado em todo o cemitério, a administração agraciou apenas os “sortudos” que possuem sepulturas ao lado da via principal. O resto precisa levar foice ou facão se quiser depositar uma flor sobre os restos mortais de parentes.
Agindo assim, a administração municipal erra no princípio básico de uma gestão pública, que é governar para todos, sem distinção de classe social, gênero ou posição política. No caso específico, a administração acaba de qualificar a população de Montes Claros de acordo com o lugar da sepultura onde estão enterrados os familiares.