Ser eleito para um cargo de prefeito não é sinônimo de amplos poderes. O eleitor permite, por meio do voto, que uma pessoa administre a cidade, Estado ou país de acordo com o que ele, morador, acredita ser o melhor. Isso não quer dizer que o gestor pode fazer o que quer. O voto não é um cheque em branco.
Justamente para evitar essa autoridade suprema é que temos outros poderes, como o Legislativo e o Judiciário. Cada um com funções distintas focadas no bem-estar da sociedade e na garantia da ordem. Ora, se um poder resolvesse todos os problemas sozinho não haveria necessidade dos outros.
O decreto da Prefeitura de Montes Claros criando um estacionamento na Praça de Esportes pegou a todos de surpresa. Que é preciso fazer algo para tirar o local do absoluto abandono, provocado nesta atual gestão, os montes-clarense sabem. Porém, um estacionamento contraria o objetivo do equipamento público, que é ser uma opção de lazer e espaço de formação de atletas, desde 1941.
A medida foi implantada ainda sem consulta à Câmara, que representa o povo na nossa democracia, para saber se a sociedade quer ou não essa nova destinação para o local, seja ela um estacionamento ou qualquer outra coisa.
Governar por decreto sem base em uma lei aprovada por parlamentares beira o autoritarismo e indica que há gestores que ignoram a opinião pública ou têm medo dela.
Qualquer que seja o perfil do autor da decisão, ela deve ser revogada urgentemente e levada para a discussão livre e aberta, na Câmara, como em toda sociedade democrática.