O controle da Aids entre os usuários de drogas injetáveis é um dos destaques brasileiros do relatório mundial sobre drogas 2005 da ONU – Organização das nações unidas divulgado na semana passada. Conforme o estudo, o índice de portadores de HIV entre os usuários chega à taxa de 50% no Brasil. O representante do escritório da ONU contra drogas e crime no Brasil, Giovanni Quaglia, explicou que o resultado, apesar de não ser o ideal, já pode ser comemorado.
- O governo fez um trabalho de inclusão social. É muito interessante. Isso não foi feito em outros países. No Brasil, isso deu certo por meio de campanhas, troca de seringas, programas educacionais e tratamento universal para todos os brasileiros.
Segundo ele, o Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a aplicarem essa política de saúde pública.
- É uma política que deu certo e que hoje é um exemplo para o mundo inteiro - disse o representante da ONU.
De acordo com a organização, o contágio entre usuários de drogas foi uma das principais razões da velocidade com que a Aids se disseminou durante a década de 80 no país. Entre esse grupo, duas capitais brasileiras se destacam: São Paulo - 75% dos casos e Rio de Janeiro, 25%.
PREOCUPAÇÃO
A falta de cuidado dos usuários de drogas injetáveis é um fator preocupante no momento de controlar a disseminação do HIV. No Brasil, apenas 12,5% usam camisinha durante o ato sexual, mas 77,7% deles tomam a iniciativa de lavar a seringa usada por outra pessoa antes de usá-la novamente.
Os efeitos da despreocupação com o assunto atingem ainda mais as mulheres: 40% delas foram contaminadas com o HIV por manter relações sexuais com parceiros que eram usuários de drogas.
De acordo com o estudo feito pela ONU, os usuários de heroína geralmente passam por longos períodos de abstinência sexual, o que não acontece com aquelas pessoas que consomem cocaína, utilizada em maior escala no Brasil.