Vitiligo: preconceito é o pior sintoma

Gisele Viana - Médica dermatologista
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/06/2018 às 07:48.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:56

  

Até pouco tempo, os portadores de vitiligo enfrentavam muito preconceito e tabu. Muitos pacientes precisavam levar relatórios médicos a clubes ou escolas, simplesmente para provar que a doença não era contagiosa. A vergonha e a dificuldade em buscar tratamento se tornou algo comum na rotina dos portadores da doença. As coisas começaram a mudar quando, em 1993, Michael Jackson abriu o jogo no programa da apresentadora Oprah Winfrey e relatou as dificuldades que enfrentava por ser portador do vitiligo. Anos depois o cantor faleceu e a data de sua morte, 25 de junho, acabou sendo escolhida como Dia Mundial do Vitiligo.

Segundo dados oficiais da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 1% da população mundial sofre com a doença. O fato de figuras públicas falarem abertamente sobre o problema é fundamental. O caso mais recente vem das passarelas: a modelo norte-americana Winnie Harlow apareceu em revistas internacionais como Elle e Harper’s Bazaar assumindo o vitiligo como parte de sua beleza.

Michael e Winnie têm um papel importante para ampliar o debate em torno da doença e disseminar informações úteis sobre o assunto. Quando Winnie Harlow mostrou que tinha vitiligo, várias portadoras da doença deram entrevistas demonstrando que aquela representatividade era essencial para elas. Essas pessoas perceberam que poderiam ter sucesso em suas vidas, mesmo lutando contra o vitiligo.

Um dos principais pontos a serem esclarecidos é que o vitiligo não é uma doença contagiosa. Apesar de as causas não serem totalmente conhecidas, podemos relacionar fenômenos autoimunes e alterações emocionais como predisposições e “gatilhos” ao surgimento do problema. Além disso, sabe-se que pessoas que possuem histórico de vitiligo na família têm mais chance de sofrer com a doença. O uso de roupas e sapatos apertados e o trauma da pele também podem desencadear o aparecimento das lesões.

Apesar de não podermos falar em cura para o vitiligo, muitos pesquisadores estudam a doença e existem vários medicamentos orais e tópicos que se mostraram eficientes para induzir a repigmentação das regiões afetadas. Não acredite em medicamentos milagrosos ou receitas vendidas por leigos, que podem frustrar o paciente e ainda causar graves reações na pele. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser feitos por um dermatologista, que tem a competência para avaliar caso a caso.

Tecnologias como o laser e técnicas cirúrgicas também podem ser empregadas, dependendo do tipo de vitiligo do paciente. Há ainda recursos de camuflagem, que têm ganhado adeptos e podem tornar as manchas quase imperceptíveis – e podem ser associadas ao tratamento.

O mais interessante, porém, é que muitas pessoas têm assumido o vitiligo. Nas redes sociais é comum encontrar quem assuma as manchas, dando um banho de autoestima. Para pacientes que ainda se sentem abalados com a doença, é recomendável associar os tratamentos dermatológicos a um atendimento psicológico.
 

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