Sob o domínio da surpresa

Mara Narciso - Médica e jornalista
O Norte - Montes Claros
17/09/2018 às 21:03.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:30

Nariz de cera é a expressão usada para o preâmbulo da notícia, seguido pelo prato principal. Quando surge alguém no palco e por motivos variados o público está disperso, ou espera pouco do artista por desconhecê-lo, ou o ignora pela aparência física ou pela vestimenta ou pela idade elevada ou baixa, e então impacta, por acontecer algo para além, ouvindo-se um “oh!’

Era sexta-feira, dia da Feirinha Namorada. À noite, fomos ao Bairro Morada do Parque comprar hortaliças, doces, café puríssimo e biscoitos caseiros, além de usufruir, ao lado da Igreja São Pedro Apóstolo, daquele ambiente de barraquinhas, de confraternização como uma grande família. Ali tem tudo isso, além do artesanato e dos bons shows de variados estilos. Limpo, organizado, iluminado, com crianças graciosas brincando junto aos seus pais, aquele é um ambiente de paz.

Estávamos numa mesa próxima ao palco, meu filho Fernando e as amigas Dulce, Beatriz e Ana Valda. Os incansáveis amigos e organizadores da feira Leonora Barbosa e Josecé Alves dos Santos não param de recepcionar os visitantes, confirmando a fama da hospitalidade do lugar. Resolvem questões de acomodação e orientação, enquanto acontecia o show do violeiro Marcos Paracatu, que exibia músicas de grande beleza. Josecé também tocou e cantou. Pastel e churrasquinho eram as vedetes. Adiante, quando o relógio apontava 21 horas e o fim da feira, Marcos Paracatu continuou no palco, porém uma cantora acabara de subir, após uma quase súplica de Josecé, e já ensaiava seus trinados.

Em geral, não somos uma plateia treinada para o silêncio e a atenção, especialmente em ambiente de bar ao ar livre, onde a conversa corre alta, até para suplantar os decibéis da música ao vivo. A voz da cantora atravessou o espaço e foi pousar mansamente em nossos ouvidos. Notei logo se tratar de profissional gabaritada, a julgar pela limpidez do seu desempenho vocal. Era uma voz-espetáculo, harmoniosa e totalmente nascida para o canto. Nós, que não estávamos aplaudindo a cada finalização, passamos a fazê-lo com entusiasmo. Após a segunda música, perguntei a Josecé, que estava ao nosso lado: qual é o nome da cantora? Jerúsia Arruda, respondeu ele. A jornalista? Não é possível! Além de tudo que faz, ainda canta desse tanto? Esperei mais uma música, e sendo hora de ir para casa, fui cumprimentá-la.

Quando Reginauro Silva deixou a Editoria do Jornal O Norte de Minas, Jerusia Arruda, com todos os seus predicados, foi ser a editora, passamos a nos comunicar por e-mail, e na sequência pelas redes sociais. Depois, ela foi transferida para Brasília ( DF), onde se mantém como correspondente da coluna semanal de opinião “Direto de Brasília”, com notas políticas. E assim, como uma aranha descobre que pode voar ou como um colibri avalia que possa correr, concluo estar diante de uma cantora de talento merecedora de fartos aplausos. Os multitalentosos existem, muitas vezes fazendo coisas luminosas, como uma manifestação de dom divino. Ainda sob o impacto da revelação, tiramos fotos juntos, eu, já como fã. Sustos positivos não matam, produzem deleite, e sobre isso não é possível ficar calada.

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