Radioterapia e cuidados com a pele

Miguel Torres Teixeira - Radio-oncologista
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/04/2018 às 19:06.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:23

O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres. Segundo o Inca, são estimados 59.700 casos para este ano. Minas Gerais aparece como o 3º estado com maior estimativa de casos, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar disso, muitas dúvidas ainda rondam os consultórios, sobretudo no que diz respeito ao tratamento da radioterapia. A pergunta mais repedida entre as pacientes é sobre o uso de cremes para minimizar ou reverter os efeitos colaterais da radiação.

A radioterapia, ao entrar em contato com a pele, provoca efeitos indesejados. A região irradiada se torna mais avermelhada por dilatação das veias e, progressivamente, se desidrata, apresentado uma coloração mais escura. Esses efeitos se assemelham aos da radiação solar, são reações normais e que podem ser consideradas como desejadas.

Ao final do tratamento, a mama que passou pelo procedimento tende a ficar um pouco mais escura da que não foi irradiada. Estudos revelam que, após três a seis meses, essa coloração volta a ficar semelhante, na maioria dos casos. As áreas mais sensíveis à radiação são o bico do seio, a região inferior da mama em contato com o tórax e a da axila. Para que a pele reaja melhor ao tratamento, recomendo uma série de cuidados, a começar pelo trabalho do médico profissional responsável pelo caso. É preciso que haja um planejamento por parte dele na escolha da técnica mais indicada para o paciente, dentre as várias opções. Cada caso merece ser estudado com atenção.

No entanto, a participação das pacientes também é muito importante e, certamente, contribuirá para a melhor tolerância da pele. Entre as recomendações ao paciente estão: usar roupa de algodão na área tratada; lavar a região com água morna; usar sabonete neutro, desodorante sem alumínio nem perfume e creme hidratante; não fazer compressa fria ou quente; evitar expor a região ao sol nem entrar em piscina com cloro.

Em alguns casos, mesmo que o paciente tome os devidos cuidados, a pele poderá apresentar reações um pouco mais intensas. Por isso, dependendo do caso, é necessário suspender por alguns dias o tratamento para uma recuperação mais rápida. Lembrando que, caso haja a indicação de uma suspensão curta e temporária, isso não irá interferir na eficiência do tratamento.

Quanto aos cremes, diferentes produtos podem ser utilizados para a hidratação da pele, quando necessário. Estudos não demonstraram superioridade significativa entre produtos de diferentes marcas, logo não descarta a eficiência de cremes comuns, facilmente encontrados em farmácias.

A sugestão do melhor creme e da frequência que ele deve ser utilizado depende do grau de irritação da pele e da presença ou não de feridas. Como norma geral, deve-se evitar pomadas que contenham antibióticos, além de sol direto sem filtro solar. Essa última é uma das medidas mais fáceis de adotar e que contribui significativamente para evitar a adição de toxicidade sobre a pele. Normalmente, esses cuidados devem ser mantidos até a reversão quase completa do escurecimento da pele. Lembrando que somente o médico poderá recomendar a melhor abordagem para cada caso.

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