Barril de pólvora

Leila Silveira e Délcio Pontes
O Norte - Montes Claros
25/08/2018 às 06:53.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:06

O Brasil caminha a passos largos para se tornar um barril de pólvora... Mas não é por falta de sorte ou de recursos, e sim por ser o campeão em perder as boas oportunidades que lhe são oferecidas ... A maldição vem desde o período imperial ao abrigarmos uma corte que só pensava na própria majestade, na própria matriz e nos próprios desvarios... Primeiro foi o pau-brasil, nossa rica madeira de lei, cuja exploração inescrupulosa só serviu para destruir a exuberante faixa de Mata Atlântica litorânea... Depois foram as monoculturas da cana-de- açúcar e do café que só serviram para acúmulo de riquezas de uma elite colonialista e retrógrada, que nada deixou de legado para o país. Tivemos ainda o ouro das “minas gerais” que entupiu os cofres do reino português que só se lembrou do Brasil quando estava fugindo das garras de Napoleão... Fomos o último país a abolir a chaga da escravidão e mantivemos em silêncio todo este distanciamento, toda essa desintegração, toda essa desigualdade, toda essa aberração camuflada em forma de preconceito até os dias atuais...

Quando éramos o país dos jovens, o país do futuro, não investimos na educação e hoje amargamos o peso de conviver ainda com grandes taxas de analfabetismo e baixo nível de escolaridade. Deixamos de criar cursos técnicos, de preparar mão de obra para o mercado de trabalho e hoje lamentamos a baixa qualificação profissional dos adultos... País continental, de grande riquezas minerais, preferimos nos contentar em exportar commodities, em vez de produzir produtos com alto valor agregado, que nos tornariam competitivos , respeitados e prósperos. Éramos um país agrícola que abandonou o campo e entupiu as grandes cidades com favelas e comunidades periféricas, sem saneamento básico, sem escola, sem segurança, sem atenção... Criamos então um belo e abrangente sistema universal de saúde, mas deixamos de investir na infraestrutura necessária, na formação de profissionais, na prevenção de doenças e na integração e interiorização dos recursos...Inundamos grande parte de terras férteis, desalojamos famílias, destruímos culturas e povos seculares, desestimulamos a agricultura familiar, para construir grandes hidrelétricas, que só servem para gerar energia para grandes grupos multinacionais produtores de commodities e produtos básicos para exportação, enquanto pagamos uma das contas mais caras do planeta em nossas humildes residências...

Custamos para redemocratizar o país após décadas de ditadura e regime fechado militar, autoritário e cruel, para a passos largos construir uma casta de políticos corruptos. Comemoramos a queda da mortalidade infantil, a diminuição de nascimentos, mas não investimos em creches e educação integral para as crianças, permitindo que jovens mães sejam absorvidas pelo mercado de trabalho... Estamos diminuindo nossa população jovem, mas não aproveitamos a menor massa crítica para ampliar e melhorar a qualidade da educação, que resultaria numa elevação da produtividade e riqueza para a nação no futuro próximo... Triste a nação que não planeja seus passos, que não aproveita as oportunidades que os cenários lhe oferecem e que não prioriza ações em prol do futuro dos filhos!

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