A evolução da obesidade no Brasil

Henrique Eloy*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
20/07/2018 às 06:50.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:30

A obesidade é considerada a doença que mais cresce em todo o mundo e a responsável pela pior crise global de saúde pública de toda a história. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025 seremos 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso, sendo que cerca de 700 milhões serão portadores de obesidade mórbida, a forma mais grave da doença.

No Brasil, o Ministério da Saúde estima que atualmente existam 53,9% de pessoas com sobrepeso e obesidade (há 10 anos a taxa era de 43,3%), sendo que a doença já atinge 15% de nossas crianças.

Desde o Consenso do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos em 1991, a cirurgia bariátrica, é considerado o único tratamento efetivo que pode proporcionar resultados duradouros para os pacientes com obesidade grave ou mórbida. Com isso, houve um grande aumento do número de cirurgias bariátricas em todo o mundo e no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, passamos de 16 mil em 2003 para 38 mil há 10 anos , e em 2017 o número de operações subiu para cerca de 100 mil (7,5% a mais em relação ao ano anterior). O Brasil se tornou o segundo país do mundo em números de operações, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Apesar do aumento significativo, ainda estamos longe de conseguir tratar todos os estimados 5 milhões de brasileiros que necessitam da cirurgia bariátrica. Esta situação se deve ao fato de que a maior parte da população brasileira (71%) depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos hospitais públicos com toda a sua precariedade. Outro motivo, seria o alto custo do material cirúrgico, que traz enormes dificuldades para as operadoras de medicina complementar.

Por causa desta situação, várias alternativas são estudadas para esses pacientes. Um primeiro exemplo seria a indústria farmacêutica, que passa por uma grande corrida atrás de novos medicamentos. Já os tratamentos endoscópicos, ao apresentarem resultados promissores, podem se tornar uma opção para os pacientes que ainda não possuem indicação para a cirurgia bariátrica ou para aqueles que não podem ou não desejam ser operados. A cirurgia robótica já é uma realidade, porém seu custo elevado ainda restringe seu alcance.

Diante deste cenário, o mais importante é prevenir. Ao enfatizar e esclarecer sobre a importância da orientação alimentar, da atividade física regular e do acompanhamento psicológico e médico, poderemos visar uma possibilidade de controle do avanço dessa doença.

*Médico, especialista em endoscopia digestiva e gastroenterologia

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