À beira do colapso

Leila Silveira e Délcio Pontes
Montes Claros
18/08/2018 às 07:05.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:59

Creio que estamos mesmo à beira do colapso... Nenhum algoritmo processado pelo mais potente computador do mundo poderá determinar o dia exato de sua catastrófica ocorrência, mas há sinais claros que caminhamos céleres para tal desfecho iminente... Todo sistema possui uma carga, uma assimilação e uma descarga e esta última tem que se tornar um resíduo amigável, reciclável, absorvível e readaptável para que haja a sustentabilidade desejável...

Enquanto produzíamos para sobreviver, para nossa própria subsistência e conforto, enquanto éramos os peões das planícies, os colonos da terra, os pescadores intrépidos, os corredores das savanas, não causávamos nenhum desequilíbrio ambiental e convivíamos bem com os ciclos, com os ditames, com os caprichos e humores da natureza.

Tornamo-nos cada vez mais gananciosos e egoístas... Embora pesquisas recentes demonstrem que melhorias de renda e qualidade de vida não tem aumentado o grau de satisfação das pessoas a partir de determinado patamar sócio e econômico, não há indícios que iremos mudar nossos hábitos e valores num curto espaço de tempo...

Quanto mais o vazio e a solidão invadem os corações humanos mais as pessoas procuram compensação na posse, na aquisição, na exposição, na experimentação, no consumo... Estamos pagando o preço por escolhas erradas do passado... Abandonamos o campo, o interior e migramos para as grandes cidades onde hoje impera a violência, o desemprego, a desigualdade, a injustiça, a indiferença e o caos... Abandonamos nossas ferrovias e optamos por rasgar essas montanhas e vales por estradas e asfalto e hoje estamos reféns desse modal perverso movido a um combustível fóssil e um dos mais caros do mundo...

Despejamos nossos dejetos humanos e industriais sem dó nos rios e córregos do país, canalizamos e soterramos tudo e todos os que nos forneciam vida gratuita, queimamos nossas florestas para vender madeira e fazer mais pasto, e hoje sofremos com a crise hídrica e falta de água generalizada...Custamos para restabelecer a democracia no País, depois de décadas de obscurantismo, tortura e assassinatos de opositores ao regime, de censura arbitrária à imprensa livre para agora escutar clamores de setores da sociedade pela volta dos militares ao poder e suas já conhecidas soluções ditatoriais e autoritárias... Ninguém na realidade quer abrir mão de nada para ajudar a quem mais precisa ou nada tem... Ao contrário, seja a nível pessoal ou das nações, o que vemos é uma voracidade e volúpia individualista e imperialista, de mais exploração e opressão, sem nenhum sinal se mudança de rota, a despeito dos constantes apelos da ONU , do Vaticano e de diferentes ONG’s ligadas às causas humanitárias globais...

O fato, porém, é que precisamos desacelerar, parar de crescer, parar de aumentar o consumo... Todo processo tem seu limite, todo barco tem sua capacidade.. Precisamos reinventar nosso processo de crescimento, nossas ambições existenciais, nossos propósitos de vida, nossas metas de evolução, nossa forma de desenvolvimento por uma de maior amplitude, onde a matéria deixe espaço para o crescimento pleno e sem limites da mente e da alma, onde a busca seja de mais paz, mais saúde, mais cultura, mais espiritualidade, mais solidariedade!

Cuide bem de você!


 

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