A melhor defesa não é o ataque

Bady Curi Neto, advogado e ex-juiz
31/08/2017 às 01:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:20

O ditado popular – a melhor defesa é o ataque - tem sido incorporado pelos envolvidos na Operação Lava Jato que tentam, a todo custo, não se defenderem, mas colocar em descrédito aqueles que o acusam, no caso o Ministério Público Federal ou mesmo o Poder Judiciário quando as decisões são contrárias aos acusados.A campanha de difamação pelas redes sociais, discursos inflamados, sem nenhum cunho jurídico tornou-se uma prática corriqueira entre os acusados de cometerem ilícitos em desfavor daqueles que possuem a árdua missão de julgar.O Poder Judiciário, personificado na pessoa do Juiz Sergio Moro por ter condenado vários empresários, políticos, e o ex-presidente Lula, expoente maior do Partido dos Trabalhadores, tem sofrido os maiores ataques.

É sabido que não há democracia sem um judiciário forte e independente, assim como não há sem o respeito as prerrogativas da nobre classe dos advogados, que com a beca sobre os ombros tem a árdua missão de defender seus constituintes, independente da gravidade dos atos praticados.

O ex-presidente Lula, condenado em primeira instância e réu em vários outros processos, tem, sistematicamente, utilizado do ataque ao julgador como forma de se defender perante a opinião pública.

O último ataque do Lula ocorreu na caravana que fez pelo Nordeste, na cidade de João Pessoa, em seu discurso com suas costumeiras bravatas, afirmou que nenhum “canalha” conseguiu apontar nada de errado que ele fez em sua vida.

A inapropriada adjetivação utilizada pelo ex-presidente tem o endereço certo, eis que, como dito, por diversas vezes tentou desacreditar os membros do Ministério Público e o Juiz Sergio Moro, agora passando à agressão pessoal.

O destempero de Lula é acompanhado por seus asseclas, vários deles envolvidos em denúncias da Lava Jato sejam em Curitiba ou no Supremo Tribunal Federal (STF) por questão do foro privilegiado. A presidente do Partido dos Trabalhadores, Senadora Gleisi Hoffmann chegou a chamar Moro de “covarde” por ter condenado o ex-presidente Lula e que sua decisão ataca a democracia. Já o Senador Lindbergh Farias o chamou de “covarde e fantoche da Rede Globo”.

A tentativa vã de desmoralizar o Poder Judiciário parece ser orquestrada por aqueles que se sentiam inatingíveis pela lei e, agora, ostenta a condição de réus ou condenados.

Não estou aqui a fazer a defesa de Sergio Moro, tenho críticas pessoais à quantidade de prisões preventivas deferidas, que poderiam ser substituídas por medidas acautelatórias, mas há de reconhecer o trabalho hercúleo que vem desenvolvendo na condução dos processos da Lava Jato, além de seu reconhecido saber jurídico.
Decisões judiciais se combatem com recursos e não com blasfêmias nas redes sociais e do alto de palanque. Por evidente que elas não estão imunes às críticas, sejam da sociedade, da imprensa, de advogados e dos próprios condenados, mas de forma respeitosa e no campo das ideias e não com insultos pessoais.

Apesar de toda tentativa de difamação, importante ressaltar que a maioria das decisões proferidas pelo Juiz Sérgio Moro tem sido confirmada em instância superior, valendo outro ditado popular, “os cães ladram e a caravana passa”.

A tentativa vã de desmoralizar o Poder Judiciário parece ser orquestrada por aqueles que se sentiam inatingíveis pela lei e, agora, ostenta a condição de réus ou condenados.

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