O risco da volta da poliomielite ou paralisia infantil, doença erradicada no Brasil há quase três décadas, bate à porta. O Ministério da Saúde alerta que municípios com cobertura vacinal contra a doença abaixo de 95% estão sob ameaça de surto. No Norte de Minas, cinco cidades encontram-se em alerta máximo. Nelas, nem a metade das crianças abaixo de um ano recebeu doses da vacina Sabin, que protege contra o vírus da poliomielite.
Os dados revelam a negligência dos pais em relação à prevenção contra a doença, que no passado deixou sequelas em milhares de pessoas. A vacina é gratuita nos postos e mutirões são realizados nos municípios, mas, como mostram os registros das secretarias de Saúde, grande parte das famílias ainda ignora os riscos da doença. No mês passado, a Venezuela registrou o primeiro caso de pólio depois de anos sem registro da doença, que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi erradicada nas Américas em 1994.
O caso registrado no país vizinho serve como alerta para o Brasil reforçar as campanhas de vacinação contra a paralisia infantil, que pode deixar sequelas permanentes, provocar insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. Pais precisam estar atentos ao calendário de imunização. A vacinação contra a poliomielite oral deve ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade. O primeiro reforço é feito aos 15 meses e o segundo, entre 4 e 6 anos.
Neste ano, em vez de setembro, a campanha de vacinação deverá ser antecipada para agosto. Hora de proteger as crianças, o Brasil não merece tamanho retrocesso na saúde.